domingo, 10 de março de 2013

O Bebê de Rosemary

      Antes de começar, já digo: eu podia passar a semana falando desse filme. 

ROSEMARY'S BABY (1968)



      Rosemary e Guy Woodhouse (Mia Farrow e John Cassavetes) formam um jovem casal em busca de um lugar pra morar. Visitam apartamentos e se decidem por um em Manhattan, o The Bramford. Desde logo são avisados que vários casos macabros já aconteceram naquele local, incluindo rituais satânicos. Mas, obviamente, eles não se importam, porque o que mais desejam no momento é ter um filho.



      Vale dizer que Guy trabalha como ator, mas, parafraseando o pessoal do Chaves, não é "aquilo que se diga 'meu deus, que ator'". Sua carreira tem altos e baixos, e digamos que está em baixa quando ele se muda com a esposa pro Bramford.

      Assim que se instalam no novo lar, Rosemary, indo à lavanderia, começa uma amizade com Terry Gionoffrio (Victoria Vetri), uma bonita moça que mora com o casal Castevet depois de ter sido adotada por eles. Ela usa um pingente com um cheiro estranho, presente da Sra. Castevet – parece desnecessário falar dele, mas ele tem uma importância considerável no filme.


      Pouco tempo depois, entretanto, voltando do teatro, Rosemary e Guy se deparam com um aglomerado de gente em frente ao prédio onde moram. Quando chegam mais perto, percebem que se trata de um suicídio, e da moça com quem Rose havia conversado. Os Castevet chegam ao local pouco tempo depois, e atestam que a moça morta era a mesma que vivia com eles, Terry.


      Esse é o primeiro contato do jovem casal com os Castevet – e quem dera ele não tivesse acontecido. Minnie e Roman Castevet (Ruth Gordon e Sidney Blackmer) são aqueles vizinhos chatos e intrometidos que todo mundo tem, e evita fazer contato visual pra eles não virem puxar papo. No dia seguinte à morte da garota, Minnie convida o jovem casal pra jantar, e os quatro ficam bem amigos.


      De repente – e é de repente mesmo – a carreira de Guy começa a dar certo, mas de um jeito meio mórbido: o ator que ganhou um papel ao qual ele concorreu ficou cego. Rosemary já parece bem enjoada de Minnie, que invade literalmente a casa dela o tempo todo. A velha dá a ela o mesmo pingente usado por Terry, e insiste pra que ela use pra dar sorte e tudo mais.

      Pouco tempo depois, Rose fica grávida. Nessa noite ela tem estranhas alucinações, que dão medo mesmo. O casal Castevet fica imensamente feliz por ela, e lhe indicam ‘um dos melhores obstetras do país’, Dr. Abraham Sapirstein (Ralph Bellamy). É perceptível que Rose já não aguenta mais aqueles dois, ainda que Guy faça questão de tê-los por perto o tempo todo.


      A gravidez de Rose é o ponto alto do filme, e dela decorre todo o resto da história. Por isso mesmo já paro de contar as coisas por aqui, devido ao alto risco de spoiler. Só deixo registrado que a gravidez dela é manifestamente incomum: ela emagrece, definha, cria olheiras imensas, que parecem ainda maiores depois que ela corta o cabelo.


      Dá pena ver o estado da Rose, viu. E dá vontade de bater palmas pra Mia Farrow, que nos faz sentir na pele cada uma de suas várias dores, bem como seu medo de perder o bebê e a antipatia que vai criando pelo intrometido casal Castevet

      É realmente irritante a forma invasiva com que Minnie e Roman se comportam. É como se a vida de Rose e Guy pertencesse a eles, por isso necessitam de vigilância constante. É uma sensação quase claustrofóbica – e talvez essa tenha sido a intenção de Roman Polanski. Afinal, a certa altura do filme Rose se vê vítima de uma conspiração – quando ela começa a ligar os pontos e pensar que o sucesso de Guy é decorrente de um pacto com o demônio, e que o casal xereta também faz parte disso.

      John Cassavetes também dá um show. Afinal, de marido perfeito e brincalhão passa a homem seco, grosso, e a tratar Rose como louca, e ficar cada vez mais longe dela e de casa pra ficar com os vizinhos. Ah, a sensação de aperto fica ainda mais evidente pelo fato de grande parte do filme se passar nos apartamentos – seja de Rose, seja dos Castevet

      Rosemary’s Baby, pra mim, é um dos melhores filmes de terror já criados. Polanski brinca com a mente do espectador todo o tempo, porque parece nos conectar à sua pobre protagonista. A pergunta que fica – e só é respondida no final do filme – é: estão mesmo conspirando contra Rose ou ela está maluca?

      Pra saber a resposta, só assistindo mesmo. E, apesar da duração considerável do filme (2 horas e 16 minutos não são pra qualquer um), a paciência vale a pena. Enfim, é uma obra de arte. Assistam, revejam, comentem e até a próxima =)

      Curiosidades (e esse filme tem um bocado delas):

- A esposa de Roman Polanski foi assassinada um ano após a estreia do filme por Charles Manson (aquele assassino famoso em que Marilyn Manson inspirou seu nome);

- John Lennon, assassinado em 1980, morou um tempo no edifício onde o filme foi rodado, em Manhattan;

- Mia Farrow ganhou um Globo de Ouro por sua atuação em Rosemary’s Baby;

- Ruth Gordon ganhou um Oscar como melhor atriz coadjuvante por seu papel neste filme;

- Rosemary’s Baby teve uma continuação em 1976, intitulada “Look what’s Happened with Rosemary’s Baby”. Eu nunca vi, mas as críticas são péssimas (veja aqui, no Filmow). Então, rola entre os cinéfilos que um filme que pode ser uma continuação plausível pra ele é The Omen (“A Profecia”), também de 1976.


Resenha por: Stephanie Eschiapati

      Link para download (formatos RMVB legendado e HD): 
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