quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Suspiria

      FELIZ DIA DE HALLOWEEN! É até estranho falar sobre essa comemoração aqui no Brasil, que não tem a menor tradição nessas festas. Mas, mesmo assim, O Filme que Habito resolveu fazer a sua parte e hoje, especialmente, tem double post sobre filmes de terror. HAVE FUN (a propósito, o post lindo da Rebeca já tá aqui, leiam também).

SUSPIRIA (1977)



      Já deixo claro aqui que, se você quer um filme super motherfucker cheio de efeitos especiais, iminentes ataques cardíacos e esse mimimi moderno, mudem de post, por favor. Entre tantos filmes de terror que vi e quase morri do coração, resolvi escolher logo esse, antiguinho e que não me despertou tanto pavor, pra me representar neste Halloween. Feito o aviso, vamos à história.

      Que, convenhamos, já começa estranha: Suzy Bannion, americana – atentem-se a esse detalhe no filme – interpretada por Jessica Harper, chega à renomada escola de balé Tanz Akademie em Friburgo, na Alemanha, pra aprimorar seu desempenho na dança. Assim que chega – em meio a uma assustadora tempestade – vê uma das alunas sair da escola correndo, apavorada. 


      Suzy ouve algumas palavras ditas pela moça, mas não lhes dá atenção. Em seguida, toca a campainha pra tentar entrar na escola, mas, apesar de ser atendida, não lhe permitem a entrada. Logo depois, a cena é cortada pra casa dessa moça que saiu correndo da escola: e é essa casa que já me surpreendeu de pronto, dadas as cores e formas com que foi construída. Então, a menina e sua mãe morrem de forma brutal, sem que se saiba quem foi o assassino.

      No dia seguinte, Suzy, enfim, consegue entrar na Academia. Aparentemente é um lugar muito bom e cheio de disciplina, pois é comandado pelas mãos de ferro da Madame Blanc (Joan Bennett) e da Miss Tanner (Alida Valli – que, a propósito, tive de pesquisar no Google pra ver se era homem ou mulher). Entretanto, à escola não faltam coisas, digamos, bizarras, como um pianista cego e um criado romeno – e MUITO, MUITO mal encarado – que não entende nenhum outro idioma.

(Madame Blanc)

(Miss Tanner - sim, eu achei que ela fosse homem)

(Daniel, o pianista cego)

(Pavlos, o ~lindo~ "faz-tudo" da Academia. Só que não. Pra parte do lindo, porque faz-tudo ele é mesmo)

      Não demora muito tempo pra que Suzy perceba que não está em um lugar normal. Isso, somado aos boatos que uma colega começa a lhe contar, fazem com que a americana inicie uma empreitada atrás de qualquer indício de que Madame Blanc e Miss Tanner são nada mais, nada menos, que BRUXAS. O final, e o que acontece a Suzy nessa empreitada, só vendo mesmo.

      Fiquei realmente fascinada ao assistir a Suspiria. O jogo de cores, claro-escuro, formas e, em especial, a trilha sonora me deixaram boquiaberta. A ênfase que a maioria dos críticos dá (e comigo, não seria diferente) é ao vermelho. Desde o principal pôster do filme, até grande parte das cenas, passando, obviamente pelo sangue, lá está o vermelho, imponente, ameaçador. Enquanto para uns se trata da cor do amor, aqui é a cor do desespero, da agonia, porque, quanto mais cor você vê, parece que mais angustiado fica.


(Observem as formas perfeitas e a cor da casa daquela mocinha que fugiu da Academia)



      E não para por aí. Falei ali em cima sobre a trilha sonora, certo? Pois bem: preparem-se pra ficar com a musiquinha de Suspiria na cabeça por um tempo. Pelo que andei pesquisando, é uma música de uma banda italiana de rock progressivo chamada Goblin, que, depois desse filme, ganhou certa notoriedade e fez trilhas para outras películas. Considero a música um elemento diferencial em Suspiria: é mais um fator que aumenta a tensão. Sabe quando uma pessoa tá contando uma história de terror quase sussurrando e, de repente, solta um grito? A música faz a MESMA coisa; aumenta de tom do nada, o que te prende ao filme de novo (caso você tenha saído voando por aí). Enfim, pelo que também andei pesquisando pela minha grande amiga interwebsSuspiria ganhará uma refilmagem entre 2013 e 2014, e a atriz escolhida para o papel de Suzy Bannion foi Isabelle Fuhrman, minha conhecida desde o grande filme A Órfã (ela fazia a ~menininha~ principal). Bem, não sou lá muito fã de refilmagens (a do Psycho já me decepcionou bastante) mas é esperar pra ver. E, então, gostosuras ou travessuras? Até.


Resenha por: Stephanie Eschiapati

O Amigo Oculto

      Hide and Seek não é exatamente um filme de terror, e também não é tão adequado para um dia de Halloween, mas é um suspense e um mistério que chegam a dar medo. Portanto, pra esse dia 31/10, mais conhecido como Dia das Bruxas ou Halloween, é um ótimo filme para se assistir sozinho, de noite, com todas as luzes apagadas. Interpretado brilhantemente por Robert De Niro e, assumo, também pela Dakota Fanning, o filme te prende até o final, não permitindo que você desvie sua atenção nem por um segundo, tendo um desfecho impressionante e diferente da maioria dos filmes. O filme é de 2005 – sinto falta, atualmente, de produções tão boas quanto essa. Sei que muita gente que assistiu não gostou, mas ainda considero um dos melhores suspenses que já vi.

HIDE AND SEEK (2005)



      Não vou dar um resumo exato das coisas de que trata o filme, e sim uma visão geral sobre os aspectos psicológicos e principais situações que ocorrem. Vamos tomar por base uma brincadeira que todas as crianças brincam na infância: esconde-esconde. Normalmente, a brincadeira se dá entre pessoas reais, de carne e osso. Porém, a pequena Emily (Dakota Fanning) não possui amigos reais que participam dessa brincadeira, mas apenas um amigo imaginário, e é sobre esse amigo que recai todo o mistério e suspense do filme. O que era pra ser uma brincadeira inocente, infantil, e todas as outras característica pertinentes à infância, esse jogo passa a ser algo sanguinário, tenebroso, enfim, maléfico.

      Tal amigo imaginário chama-se Charlie, que possui um poder, digamos assim, “sobrenatural” sobre todos os fatos terríveis que acontecem durante o filme. Emily diz ao seu pai (Robert De Niro) que Charlie a obriga fazer coisas e que, se ela contar quem ele realmente é, coisas ruins continuarão acontecendo. É aí que entra o suspense: quem é Charlie? Como que David (Robert De Niro), pai de Emily, não consegue vê-lo, e nem qualquer outra pessoa que convive próximo a sua família? Como esse ser imaginário possui um poder tão grande de fazer coisas terríveis, como a morte, por exemplo, acontecerem? David não consegue explicar, e passa a buscar uma resposta desesperadamente com o intuito de “salvar” sua filha das coisas ruins que acontecem dentro e fora de sua casa.


      Há várias possibilidades de quem possa ser Charlie. Tudo começa com a morte da mãe de Emily – devido a esse fato, David decide mudar de cidade, com o propósito de afastar sua filha das lembranças da morte da mãe. A partir disso, poderíamos concluir que Charlie é mais uma tentativa da mente de Emily em procurar abrigo por ter perdido alguém muito próximo, que amava muito. Nada se compara em perder uma mãe. Mas como isso poderia explicar um amigo imaginário que faz coisas horríveis acontecerem? Não existe, ao meu ver, uma explicação lógica (talvez, nos estudos mais profundos da psicologia, exista uma resposta coerente a isso, mas eu, como leiga no assunto, não consigo enxergar).

      A segunda possibilidade, como também acredita David, é que Charlie seja uma pessoa real – pois só assim para se explicar os casos concretos, envolvendo mortes e sangue, que estão acontecendo. Ele chega até duvidar que Charlie seja o vizinho (de acordo com minha memória - aliás, não estou descartando a possibilidade de que seja ele). O único problema é que em toda e qualquer situação, a única pessoa que consegue enxergá-lo é Emily – além, também, das pessoas que morreram (que já não são mais úteis, pois estão mortas).

(Tradução: Agora você consegue ver?)

(Tradução: Você deixou-a morrer)

      E há, também, a terceira possibilidade, que traz o clímax de todo o filme. Tem gente que, desde o começo ou desde a metade do filme, já descobre de quem se trata. Mas não vou excluir as duas possibilidade acima, pois ambas podem estar misturada com esta terceira (ou não – estou apenas acirrando a curiosidade de vocês). Não é exatamente o final em si que traz a surpresa, mas sim a descoberta de quem é Charlie. Ele pode ser um fantasma ou um demônio que se apodera do corpo de alguém; pode ser apenas um amigo imaginário que obriga a própria Emily agir por suas mãos (e, pra quem não sabe, isso caracteriza o crime de autoria mediata – essa sou eu aplicando meus conhecimentos de Direito ao filme, abs.); pode ser um psicopata; pode, ainda, ser um psicopata que finge ser um amigo imaginário – enfim, são inúmeras possibilidades que prendem sua atenção até o final. O desenvolver do filme é algo tão envolvente que não dá pra parar de assistir pela metade sem a curiosidade de saber como termina.


      Já vou avisando: como eu disse, o que é realmente interessante é a descoberta sobre a identidade de Charlie, e não o final do filme em si. Então fica aqui um alerta, pra quem espera que o filme feche com chave de ouro e depois fica por aí reclamando com a barriga cheia. Acredito que o filme seja bem visto sob os olhos de um cinéfilo, mas não de um crítico. Ainda sobre essa questão, o filme recebeu muitas críticas, por ter um desenvolver ótimo e essa quebra do suspense nos atos finais do filme. Para eles (os que criticam), o problema é essa grande revelação final que, de acordo com seus entendimentos, só são feitos para que o filme seja vendido.


      Esses tipos de filmes, com grandes revelações no final, começaram a ser desenvolvidos de forma conhecida a partir de O Sexto Sentido. Mas, na verdade, essa quebra do desenrolar com a surpresa no final remonta desde filmes mais antigos, como o O Gabinete do Doutor Caligari, filme expressionista alemão de 1920, e também com o mestre Hitchcock, que sempre fez a maioria de seus filmes baseados nesse tipo de suspense. A história de O Amigo Oculto é ótima, sim. Quem gosta de filmes do gênero, posso apostar que vai gostar – pelo menos todas as pessoas que conheço, e que eu já troquei ideia, gostaram. Aproveitem o Halloween com esse filme que, mesmo não sendo de terror, possui algumas partes macabras e outras que te deixam com o coração na mão de tanto suspense e curiosidade. Hasta!

Resenha por: Rebeca Reale

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O Gabinete do Doutor Caligari

      Olá, olá, olá. Hoje, plena segunda, dia mais chato da semana, vou falar sobre um filme MUITO antigo, meio desconhecido e um dos meus prediletos. Já deixo claro que demorei bastante tempo pra encontrá-lo para download, mas a demora valeu a pena. Já deixo claro também que se trata de filme mudo, mas, mesmo sem NENHUM diálogo, vai te deixar preso e boquiaberto ao final. Clima de Halloween, gafanhotos!

DAS KABINETT DES DOKTOR CALIGARI (1920)



(Tradução: Aproxime-se, pessoal. Aqui, pela primeira vez, vocês podem ver Cesare, o Sonâmbulo!)
      
      Em um pequeno vilarejo alemão (Holstenwall), chega Dr. Caligari (interpretado pelo ator Werner Krauss), um misterioso hipnotizador que afirma que seu paciente, Cesare (Conrad Veidt) é sonâmbulo e está dormindo há 23 anos. Isso desperta a curiosidade dos moradores do local, que enchem seus shows. Estes apresentam uma particularidade: Cesare costuma fazer adivinhações de quando as pessoas vão morrer. E uma delas efetivamente morre, sem que se saiba quem foi o assassino.
      
(Eis Cesare, minha gente. Tentemos dormir tranquilos depois dessa foto)

      É aí que Francis (Friedrich Feher) e Alan (Hans T. Twardowski), dois amigos que foram a uma das apresentações, começam a desconfiar do médico e de seu paciente. A suspeita aumenta quando Cesare diz que Alan morrerá na mesma noite. A partir daí, começa uma investigação policial ao redor de Caligari, enquanto este ordena a Cesare que mate a noiva de Francis, Jane (Lil Dagover).

(Alan, à esquerda, e Francis, à direita)

(A noiva de Alan, Jane)

      O sonâmbulo, entretanto, fica consternado com a beleza de Jane e, em vez de matá-la, joga-a nos ombros e sai correndo. A população começa a persegui-los, de um lado, enquanto Francis e a polícia local continuam na cola de Caligari. Acho bom parar de contar por aqui, antes que eu dê spoiler. O final do filme é surpreendente, vocês não imaginam.



      Vocês devem estar se perguntando COMO fiquei sabendo da existência desse filme: matando tempo na interwebs, pra variar. Desde as aulas de Língua Portuguesa do colégio eu me interessava pelo Expressionismo, que até então, minha professora só mostrava através de quadros (um exemplo clássico da corrente expressionista é o multivalioso O Grito, de Edvard Munch).  


      É perturbador olhar e tentar entender uma pintura expressionista. É tudo muito distorcido, cheio de jogos de cores e claro-escuro. No cinema, não foi diferente. Transcrevo aqui um parágrafo que encontrei, explicando (certamente, melhor do que conseguirei explicar) um pouco do Expressionismo no cinema:

      “O expressionismo chegou ao cinema em 1919, ou seja, de forma tardia se comparada às demais artes. Praticamente surgido na República de Weimar (1919-33), quando a literatura expressionista estava em declínio, o cinema acabaria falando de temas comuns aos seus antecessores, como a morte, a angústia da grande cidade e o conflito de gerações. O aspecto mais importante a se destacar, no entanto, se refere à inovação estética. Seus atores e diretores, a maioria oriundos do teatro, passaram a utilizar técnicas já desenvolvidas no palco, como o jogo de luzes e holofotes, presentes na maioria dos filmes. Em vez de movimentos de câmera, a iluminação de um detalhe, a aparência fantástica das sombras ou a máscara nas lentes da câmera compunham os efeitos mais frequentes. Os espelhos foram outro recurso importante (usado, por exemplo, para deformar rostos).”

      O Gabinete foi o primeiro filme a buscar cenas estritamente expressionistas. Acho que a empreitada deu certo. É considerado um filme de terror; o enredo da história pode nem ser tão apavorante; eu, mesma, não tomei nenhum susto, mas o jogo de sombras, a maquiagem dos atores e a distorção das linhas que fazem parte dos cenários (como casas, celas e, até mesmo, camas) deixam sua cabeça meio perturbada e te deixam pensativo.

(Eu tenho medo do Dr. Caligari, abs.)

      Enfim, O Gabinete do Dr. Caligari foi o primeiro filme mudo sem Charlie Chaplin que vi. Muita gente (incluindo minha mãe) diz que eu superestimo muito essa película; que é boa, mas nem tanto. Respeitarei profundamente quem não curtir tanto o filme quanto eu; ainda assim, peço-lhes que assistam não com esses “olhos modernos” em relação a filmes de terror (que obrigatoriamente devem ter mortes violentas, sangue, espíritos, cenas de sexo, exorcismo), mas como quem vê um clássico que tem quase 100 anos, uma grande produção para a época e todo o trabalho que tiveram para obter, no cinema, efeitos que, até então, somente pintores tinham conseguido. Até a próxima.


Resenha por: Stephanie Eschiapati

domingo, 28 de outubro de 2012

O Segredo da Cabana

      Eu, normalmente, não gosto de filmes de terror misturado com comédia e com coisas totalmente abstratas e fictícias (com exceção de Poltergeist, claro). Mas esse filme sobre o qual falarei inovou em vários aspectos. Pelo menos, EU, nunca tinha visto um filme que retratasse uma história idêntica a essa. Por isso eu gostei.

THE CABIN IN THE WOODS (2012)


      Esse filme é uma sátira total àqueles tipos de filmes que existem de MILHARES por aí: uma floresta, uma cabana, um chalé, uma casa de lago, totalmente isolados, com pessoas estranhas que vivem pela região, e o típico grupo de jovens, burros o suficiente, de irem passar alguns dias em lugares como esses. Em The Cabin in the Woods, são 5 os jovens que decidem passar o final de semana na cabana do primo de um deles: uma loira, normalmente rotulada por todos como a "gostosa" e, no entanto, burra; o cara que namora com a loira, que normalmente é outro loiro e também super musculoso (nesse caso, o papel foi dado ao Thor - sim, sempre vou chamar o ator que fez Thor de Thor); um drogado, que desde o começo da viagem fuma seu baseado e também o primeiro a descobrir que há algo de errado no lugar; um cara que, apesar de ser o inteligente da turma e levar as coisas a sério, sabe como se divertir; e, por último, aquela que é boazinha demais, rotulada como "virgem". Esse é o grupo que decide passar um tempo na cabana do primo do Thor.


      Só que este não é aquele típico filme de terror - pelo menos não apenas isso. Na verdade, toda a viagem está sendo controlada por um grupo de fora, como se estivessem dentro de um reality show. Esse grupo de pessoas possuem softwares tão avançados que, quando o carro do grupo de jovens atravessa certa parte da estrada ao caminho da floresta, eles não conseguem mais voltar, pois os donos do reality ativam uma barreira invisível, que cobre o espaço do chão ao céu. É como se fosse uma espécie de programa do "futuro", muito parecido como aquele que existe em The Hunger Games. Nessa mesma sacada, também conseguem enviar monstros para dentro do cenário, mas tudo depende dos atos desses jovens para que determinado monstro X seja escolhido, entre eles: zumbi, tritão, lobisomem, cobras gigantes, fantasmas, enfim, uma variedade enorme.



      No meio de uma festa feita pelos jovens, descobrem que há um porão na cabana, e decidem descer as escadas para explorar. Cada um se encanta com um objeto e, dependendo do que cada um fizesse com tal objeto, seria tal monstro libertado. Nesse caso, a "virgem", lendo um diário antigo, chama a atenção do resto ao grupo sobre as passagens de mutilação e morte que foram narradas, e acaba lendo frases em latim, liberando, assim, uma maldição - nesse caso, são os zumbis que passam a persegui-los, atacá-los e matá-los.


(Thor ao fundo)

      No final, apenas alguns conseguem sobreviver e, acima de tudo, conseguem um acesso para fora da floresta e para dentro do lugar onde a empresa controla o reality show. Descobrem que, na realidade, o que estão fazendo é apenas mais um sacrifício anual - e vocês precisam assistir para saberem o que significa.



      E é isso: mesmo você já sabendo de praticamente todas as coisas que vão acontecer, até porque o filme é uma sátira à previsibilidade dos típicos filmes hollywoodianos, você não consegue deixar de prestar atenção até que ocorra o desfecho final que, sinceramente, achei muito bom!


Resenha por: Rebeca Reale

sábado, 27 de outubro de 2012

Procura-se um Amigo para o Fim do Mundo

      Sim, eu tenho MUITO medo sobre esse assunto: fim do mundo. É uma coisa que me aflige de um jeito que ninguém pode imaginar. Eu quero viver. Quero viver muitos anos ainda. Acho mais que insuportável a ideia de que em alguns meses tudo possa acabar. É mais insuportável que qualquer dor que eu já senti, porque eu sinto isso lá dentro, do coração, da alma, do corpo. Odeio falar sobre esse assunto, mas como vi outro filme sobre isso, e como o filme é mais que bom, precisarei comentar.

SEEKING A FRIEND FOR THE END OF THE WORLD (2012)



      Seeking a Friend for the End of the World, como o próprio título já diz, retrata mais uma história sobre o fim do mundo. A trama gira em torno da vida de Dodge, personagem vivido por Steve Carell, que foi abandonado por sua esposa e também por todas as outras namoradas que já teve. Certo dia, ele encontra Penny (Keira Knightley), sua vizinha há anos mas que nunca teve contato (aliás, nunca trocaram um "oi"). Assim, Dodge convida Penny para entrar em sua casa e, apesar desse cenário do apocalipse, começa a nascer uma amizade forte entre os dois.


      Penny quer reencontrar sua família, mas não sabe como fazê-lo, devido à grande distância (geográfica) que os separam. Dodge, ainda lembrando da mulher que mais amou na vida (sua namorada do colegial), decide reencontrá-la, e os dois passam a seguir viagem juntos, tentando levar uma vida "normal", apesar do que está prestes acontecer ao mundo.

      Existe esse meteoro que vai colidir com a Terra, denominado "Matilda". Cientistas tentaram, de forma frustrada, mandar uma missão de salvação para o espaço, que acabou explodindo; ou seja, não há mais solução para salvar o mundo. O mundo vai acabar. Todas as tentativas foram feitas, e todas foram frustadas. Imaginem como é viver com um sentimento desses, com a certeza de que o mundo vai acabar e que ninguém no mundo pode fazer algo pra impedir? É um abalo emocional muito grande pra quem ainda se importa em viver. Você sabe exatamente a data em que irá morrer, e o homem não está preparado pra conviver com isso. E essa data, no filme, é de três semanas.



      O diferencial desse filme, em relação aos outros sobre o mesmo tema, é o comportamento das pessoas; ninguém criou listas malucas sobre todas as coisas que precisam fazer antes de o fim do mundo chegar (pelo menos em grande parte). Não é um caos total, como todos imaginam. Há umas pessoas no filme que realmente não se importam mais, e injetam heroína, por exemplo. Há pessoas, também, que fazem alguns motins, devido ao desespero. Mas em relação aos dois personagens centrais, Dodge e Penny, e aos personagens que se ligam a eles de uma forma secundária, todos levam a vida como se fosse um dia normal, mas com o objetivo de estar sempre próximo a alguém que amam. Isso se demonstra pelo comportamento da empregada do Dodge, que a qualquer custo quer ir toda quinta-feira para limpar sua casa, de forma inocente, levando a vida naturalmente sem se desesperar com as notícias dispersas sobre o fim do mundo. Nos dois momentos em que ela aparece no filme dá um pequeno aperto no coração, pois você vê que as pessoas mais simples são sempre as que mais se importam em ajudar ao próximo.

     No meio da viagem, eles encontram um grupo de pessoas que estão se dirigindo a uma praia, e decidem acompanhá-los. É uma das cenas mais bonitas do filme, pois mostra que todos querem aproveitar um bom momento, com amigos, família, conhecidos, num cenário bonito, uma praia, ao ar livre, sem brigas e sem conflitos. E a partir daí as coisas começam a ficar mais intensas entre Penny e Dodge: eles sem apaixonaram um pelo outro.



      Outro filme sobre esse tema, que eu amo, é Melancholia. Recomendo ambos. Sei que é meio contraditório eu morrer de medo sobre o tema "fim do mundo" e super adorar filmes assim. Mas enfim... ainda tento entender qual o motivo de eu amar e odiar esse tipo de coisa ao mesmo tempo. 

      Não vou falar que é Seeking a Friend for the End of the World é um filme feliz, porque não é, e muito menos que possui um final feliz. Mas tudo depende do ponto de vista. De certa forma, no âmbito pessoal de cada personagem, eles acabam encontrando o que sempre procuraram: amor. A única coisa que não gostei foi a atuação do Steve Carell: a MESMA EXPRESSÃO FACIAL o filme inteiro, como se não demonstrasse nenhum tipo de sentimento.  Porém, isso não tira a qualidade do filme. E me vêm lágrimas aos olhos ao pensar que tiveram tão pouco tempo pra expandir seus sentimentos. Pois é, a vida não é fácil, e a morte, menos ainda.


Resenha por: Rebeca Reale

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Biutiful

      O filme sobre o qual falarei hoje foi um dos que mais me tocou, juntamente com The Elephant Man. São os dois únicos filmes em que realmente me emocionei, de ter que ver o filme com a caixinha de lenços ao lado. E foi o primeiro filme que vi do Alejandro González Iñarritu, que, hoje, figura entre os meus diretores favoritos. Não tenho como ser 100% imparcial nesse filme, então, não reparem tanto nos adjetivos.

BIUTIFUL (2010)




      Uxbal (interpretado pelo lindo Javier Bardem), tem uma ex-esposa bipolar, Marambra (vivida pela atriz Maricel Álvarez), e cuida, sozinho, do casal de filhos. Seu emprego, digamos, não é o mais agradável de todos: para se sustentar, ele explora o trabalho de imigrantes – africanos, como camelôs, e chineses, na construção civil – agenciando-os para terceiros que procuram mão de obra barata. Além disso, é médium e costuma ser requisitado por pessoas que perdem entes queridos para falar com eles e descobrir alguma coisa em relação à morte deles.


      As coisas não caminham direito pra ele principalmente porque ele tem um coração muito bom. Ele acaba se envolvendo nos problemas dos imigrantes que agencia, o que também lhe causa problemas, em especial de ordem financeira. Mas, ainda assim, ele é um ótimo pai, e se desdobra  pra conseguir dar uma vida digna aos filhos.

      A história se complica após uma perseguição da polícia aos africanos que Uxbal agenciava. Para tentar ajudá-los, ele sai correndo para tentar despistar alguns policiais mas, devido a uma dor intensa, ele para, é capturado e, quando olha pra baixo, vê muito sangue em suas calças. Ele vai ao hospital pra uma consulta e descobre que tem câncer em um estado avançado e tem pouco tempo de vida.


      A partir daí, diante de tantas adversidades na vida, Uxbal tenta deixar a vida dos filhos um pouco melhor, no caso de ele morrer. Assim, tenta trazer a ex-esposa Marambra de volta, e colocar a cabeça dela no lugar, já que ela tem sérios problemas psicológicos. Ele tenta reformar sua família, enquanto ainda tem que se preocupar com seu emprego e sua doença, que lhe incomoda mais e mais.


      Novos episódios paranormais acontecem com ele, o que lhe tira ainda mais o sossego. Só não pensem que o filme se torna uma história mística sem pé nem cabeça, porque isso não acontece. A paranormalidade de Uxbal é tratada “normalmente”; é como se o clímax do filme não dependesse disso.

      Antes de sair da história e passar para as minhas opiniões propriamente ditas, peço a atenção de vocês pra cena inicial do filme, que se passa em um campo cheio de neve, e rola um diálogo entre Uxbal e seu filho. Prestem muita atenção a essa cena, e tentem ligá-la aos minutos finais do filme. Eu mesma não entendi de primeira; tive que pensar um bocado antes de concluir o que era.


      Bom, o que falar sobre Biutiful? Há muito o que ser falado, muito. O Iñarritu foi de um preciosismo na direção desse filme, de uma sensibilidade, que espanta. Por mais que estejamos falando de um homem com poderes mediúnicos, não há fantasia no roteiro. É um homem pobre, trabalhador, doente e com uma esposa maluca demais pra que se possa deixar os filhos com ela.

      Além disso, um detalhe que só eu notei (mesmo porque procurei em alguns sites as opiniões sobre esse filme, e não encontrei isso): o filme não tem pessoas muito bonitas. Na verdade, elas não são nada bonitas. Até mesmo o Javier, que eu, particularmente acho muito bonito, está super acabado no filme,  o que caracteriza bem a vida difícil que seu personagem leva. 

      Tudo no filme é visto com um olhar extremamente sensibilizado. Cada detalhe, por menor que seja, é tomado como algo importante pro roteiro. Pelo que andei lendo em algumas críticas (que respeito, sinceramente), dizem que Iñarritu exagerou no drama, ou seja, na vida amargurada do pobre Uxbal.

      Por um lado, não lhes retiro a razão. A vida de Uxbal dá muito errado, e nas poucas vezes em que parece dar certo acontece alguma coisa ruim. Ok, mas pensemos: será que a vida de homens ou mulheres na mesma situação do Uxbal não é assim? Esqueçamos a mediunidade: será que é fácil e toda fairy tale a vida de pais e mães solteiros, com empregos ruins e filhos com fome?

      Biutiful também tem seus lastros de crítica social, dentro de todo o drama. Não é algo com o que se possa divagar muito, mas está lá. É um filme que me marcou, e que, por incrível que pareça, me deixa emocionada só de escrever, só de ver algumas poucas imagens. São mais de duas horas de emoção, lágrimas e lenços (a não ser que vocês não tenham um fiapo sobrando do  coração, hahaha). Recomendo muito. Até.


Resenha por: Stephanie Eschiapati