terça-feira, 30 de abril de 2013

O Labirinto do Fauno

      Há muito tempo atrás, no Reino Subterrâneo, onde não há mentiras ou dor, viveu uma princesa que sonhava com o mundo humano. Ela sonhava com o céu azul, a brisa suave e o brilho do sol. Um dia, burlando toda a vigilância, a princesa escapou. Uma vez do lado de fora, a luz do sol a cegou e apagou de sua memória qualquer indício do passado. A princesa esqueceu quem ela era e de onde havia vindo. Seu corpo sofria de frio, doença e dor, e ao passar dos anos, ela morreu. Entretanto, seu pai, o Rei, sempre soube que a alma da princesa retornaria, talvez em outro corpo, em outra época, em outro lugar. E ele esperaria por ela até seu último suspiro, até que o mundo parasse de girar...

EL LABERINTO DEL FAUNO (2006)



      Dirigido por Guillermo del Toro e vencedor de três Oscars em 2007, El Laberinto Del Fauno mistura dois temas totalmente opostos, mas que se fundem na tentativa de criar um mundo melhor: a guerra civil espanhola e a magia da imaginação de uma criança.

      A história se passa no ano de 1944, quinto ano de paz após a guerra civil da Espanha, e relata a viagem de Ofelia (Ivana Baquero), uma garota de 13 anos que, junto à sua mãe Carmen (Ariadna Gil), que está doente por sua nova gestação, se muda para um pequeno povoado. Nesse lugar vive Vidal (Sergi López), um cruel capitão do exército fascista. Ele é o novo marido de Carmen, mas ter este novo status não se torna um empecilho para seu comportamento totalmente frio e sem carinho em relação à Ofelia. A missão do capitão Vidal é acabar com quaisquer vestígios da resistência republicana, composta por homens que se escondem nas montanhas ao redor do povoado. Dentre as pessoas que servem ao capitão, há uma empregada chamada Mercedes (Maribel Verdú), que possui papel importante na vida de Ofelia, e o doutor Ferreiro (Álex Ângulo), cúmplice de Mercedes no fornecimento de alimentos e remédios aos homens da resistência.

      A história de El Laberinto Del Fauno se consagra a partir do descobrimento de um mundo mágico por Ofelia, um labirinto onde vive um fauno (Doug Jones), estranha criatura que descobre na garota a princesa que havia morrido, dando-lhe missões para que sua alma pudesse retornar ao Reino Subterrâneo e se desvencilhar de quaisquer particularidades do mundo humano, que vive constantemente em guerra.

      Já no começo da viagem, em uma das paradas de carro que Ofelia e sua mãe são obrigadas a realizar devido às ânsias da gravidez, a garota enxerga um animal parecido com um inseto (parecido com um louva-deus, porém bem maior), e deduz que esse animal é uma fada. Após esse acontecimento, ambas chegam ao povoado, e Ofelia fica apreensiva ao cumprimentar o capitão Vidal, não tendo nenhum desejo de considerá-lo como um pai. O que ela realmente sente em relação a ele é medo, e posteriormente podemos ver que sua mãe também compartilha do mesmo sentimento.


      À noite, ao acordar de seu sono devido à presença de ruídos em seu quarto, Ofelia percebe que alguma coisa está se movendo no local, e se depara novamente com o estranho inseto. Ela mostra ao animal seu livro, onde há a imagem de uma fada, e misteriosamente o animal se transforma na mesma criatura impressa naquela página.


      Em forma de fada, a criatura faz com que Ofelia a siga até um local no exterior da residência – um labirinto em meio a ruínas. Descendo uma escada, a garota se encontra no interior do labirinto, e magicamente um fauno surge ao seu redor. Ofelia não o teme, por mais estranho, feio e macabro que ele fosse. O fauno diz a ela que a alma da princesa do Reino Subterrâneo está presa em seu corpo, e para que ela possa voltar ao seu verdadeiro lar, três missões deveriam ser realizadas antes da lua cheia, para que ele pudesse ter certeza de que a essência da princesa ainda permanecia intacta. Para ajudá-la, ele lhe oferece o Livro das Encruzilhadas, que mostraria à garota o que deveria ser realizado.


      A primeira das missões envolve um sapo gigante que vive no interior de uma árvore e a tentativa de fazer com que ele engula três pedras mágicas. O animal faz com que a árvore permaneça doente, e, para livrá-la desse mal, Ofelia deve fazer que ele engula três pedras âmbar, pois só assim seria certa a sua morte. Após isso, o dever de Ofelia é retirar uma chave dourada de dentro do estômago do sapo morto e levá-la até o fauno, dentro do labirinto.



      Tentando recuar sua mente do mundo real, caracterizado por inúmeras batalhas, mortes e sofrimento, Ofelia embarca em toda a magia existente no mundo imaginário, com determinação no cumprimento das tarefas que lhe são passadas. Tanto é que seu êxito na primeira missão foi certamente grandioso, sem nenhuma consequência ruim. O sapo morre, ela recupera a chave e a leva até o fauno, que lhe informa qual é a segunda missão.

      As cenas das duas primeiras missões são incríveis e nos deixam atentos de modo a parecer impossível piscar ou se mover, tudo isso na expectativa do que pode vir a acontecer. Nossa vontade é que Ofelia logre êxito em todas as suas missões, para que saia do lugar horrível onde está vivendo com sua mãe e volte para seu antigo e encantado reino, onde só existe paz e amor.


      Para a segunda prova, o fauno fornece a Ofelia um giz mágico, cujas propriedades podem criar novas portas para outros mundos imaginários. Basta que ela desenhe uma porta em qualquer lugar da casa, que existirá uma entrada para o local onde o fauno necessita que ela ingresse. Neste novo local, Ofelia precisa recuperar um punhal, que posteriormente seria usado na terceira missão (informação esta que foi omitida pelo fauno). Neste local, há uma criatura que vigia uma mesa com banquetes deliciosos, e Ofelia foi proibida de consumir qualquer alimento, pois isso acarretaria problemas em sua missão. Apesar de falhar em certa parte da tarefa e enfrentar as consequências decorrentes dela, Ofelia consegue resgatar o punhal.


      No decorrer da história, o fauno presenteia Ofelia com uma mandrágora mágica, que deveria ser colocada em uma bacia com leite debaixo da cama onde sua mãe doente se encontrava em repouso. O poder mágico da mandrágora teria a função de curar a doença da mãe de Ofelia, além de manter seu futuro irmão saudável.

      Ofelia vem cumprindo as missões em seu mundo de fantasias enquanto que, no mundo real, o capitão Vidal captura um dos rebeldes e o tortura, além de começar a desconfiar dos papeis que o doutor FerreiroMercedes desempenham no “contrabando” de remédios e nos saques (furtos) em seu depósito alimentício.

      A última missão, porém, fez Ofelia sopesar o que era mais importante em sua consciência e história: a vida de um inocente ou o desejo de voltar a ser a princesa do Reino Subterrâneo.

      O fauno informa à garota a última missão: derramar o sangue de um inocente para que o portal do mundo subterrâneo fosse novamente aberto. Ofelia se vê defronte a uma decisão que poderia mudar todo o rumo de sua vida – enfrentar o capitão Vidal, que a seguiu até o labirinto com o intuito de recuperar seu filho (nesta parte do filme, a mãe de Ofelia já havia dado a luz ao bebê), ou renunciar a todos os direitos que ela possuía como princesa ao não entregar o bebê ao fauno (Ofelia havia escolhido seu irmão como alguém que possuía a característica de inocente), ainda que fosse apenas para retirar-lhe algumas gotas de sangue.


      A partir daqui, chegamos ao final do filme, que, apesar de ser extremamente triste (chorei demais, durante uns 10 minutos), possui um dos finais mais belos e maravilhosos e de aquecer o coração de todos os finais de filmes que eu já vi.

      Apesar de todas as coisas horríveis que se passaram na vida de Ofelia, ela encontrou a paz que tanto desejava, ainda que isso não tivesse se realizado no mundo real, onde se encontrava seu corpo, sua existência material. As escolhas que ela colocou em prática aqui, na Terra, tiveram consequências reais no mundo das fantasias em que ela passou a viver.


      Por fim, o filme deixa uma reflexão: será que o mundo dos sonhos possui mais valor que o mundo real? Se aqui existe tanta opressão, maldade e tristeza, não seria melhor, e mais viável, optarmos por um lugar onde poderíamos ter todas as pessoas que amamos ao nosso lado, sem dor, mentiras e crueldades? E, ainda: será que esse mundo dos sonhos, da imaginação, realmente existe, e será que é igual para todas as pessoas? São por essas e tantas outras questões que nos prendemos à vida. A dúvida faz com que permaneçamos até nosso último suspiro e bater cardíaco neste mundo porque, enquanto estivermos aqui, a vida nos mostrará a importância de seguir nossos sonhos, apesar de tão distantes e impossíveis que possam parecer. É essa a lição que Ofelia nos deixa – a dúvida sobre a existência do reino mágico não fez com que Ofelia desistisse de seguir seus objetivos, e acredito que todos nós deveríamos fazer o mesmo, pois nada é tão irreal que um dia não possa se tornar realidade. Basta acreditarmos.

Resenha por: Rebeca Reale

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domingo, 28 de abril de 2013

Querida, vou comprar cigarros e já volto

      Você aceitaria voltar no tempo com a cabeça que tem hoje, por um milhão de dólares?

QUERIDA VOY A COMPRAR CIGARRILLOS Y VUELVO (2011)



      Queridos leitores, vocês não leram errado. É realmente em torno dessa proposta um tanto quanto maluca que se desenvolve o filme sobre o qual vou escrever hoje, uma bela película argentina que não me arrependi de ver. Aliás, como já disse a Rebeca no Después de Lucía, os filmes estrangeiros vêm ganhando cada vez mais espaço, e este é realmente sensacional.

      Bom, mas vamos à história, com calma. Primeiro, a gente tem que conhecer quem foi a pessoa que elaborou a proposta. Trata-se de um tipo do Marrocos, que, andando pelo deserto, tomou nada mais, nada menos, que DOIS raios na cabeça (expliquem essa, ateus): um o matou, o outro, o reviveu, dando-lhe alguns poderes e a imortalidade. Desde então, ele anda pelo mundo fazendo “o que lhe dá na telha” pois, em vez de ficar famoso exibindo seus poderes extraordinários por aí, ele preferiu manter-se no anonimato. No filme, ele é apenas “o cara” – não tem nome, e é interpretado por Eusebio Poncella.


      Ele chega, então, na pacata cidade de Olivarría, na Argentina, e vai a um pequeno restaurante. Com seus poderes, consegue ouvir o pensamento de todos no local, mas um, em particular, o interessa bastante: de Ernesto (Emilio Disi), que almoça com sua esposa, Rosa (Emma Rivera), mas pensa no grande fracasso que foi sua vida.



      Quando ela vai ao banheiro, o homem dos poderes chega em Ernesto e faz a proposta: voltar a qualquer período de seu passado – infância ou juventude – por 10 anos, com a cabeça que tem hoje, ou seja, a de um homem de 63 anos. Se para ele passar-se-ão 10 anos, para quem está aqui o tempo dessa viagem não será maior que 5 minutos – o tempo de ir até o bar e comprar cigarros. Tudo isso por um milhão de dólares.


      Claro que o negócio parece sensacional, mas há duas regras principais: se Ernesto se meter em alguma encrenca por lá e morrer, ele tem um ataque cardíaco fulminante aqui e nada de material que ele conquistar lá poderá ser transportado pra cá.

      Sem tempo para pensar, Ernestito aceita o desafio, e escolhe a data de 01 de outubro de 2000 para voltar. E a coisa já não dá muito certo, porque ele vai ao asilo em que a mãe está para tentar se reconciliar com ela e ela não o perdoa.

      Claro que eu não vou contar as coisas que lhe aconteceram, visto que toda a graça do filme se perderia. Mas devo dizer que ele volta, basicamente, às três épocas de sua vida (velhice mesmo – afinal, ele tinha 53 anos em 2000 –, juventude e infância) e percebe que o milhão de dólares prometido não chegará às suas mãos tão facilmente quanto pensou que chegaria.

      Querida voy a Comprar Cigarrillos y Vuelvo é baseado no conto de mesmo nome escrito por Alberto Laiseca, que também é narrador do filme. Sim, o autor aparece e, além de contar algumas partes do filme, dá sua opinião nas escolhas de Ernestito. Lembra um pouco o que John Waters fez em Pink Flamingos, ainda que este só apareça ao final do filme.


      Devo dizer que foi um dos filmes mais niilistas que já vi. “A vida é um bolo de merda” e afins são frases comuns no filme. Laiseca é um homem visivelmente pessimista (ou realista, depende do ponto de vista), e esfrega isso na nossa cara através de Ernesto: ele é um homem feio, tem uma esposa feia e um emprego que odeia. Pra vocês terem uma noção, o animal de estimação do nosso protagonista é uma tartaruga – mais um elemento demonstrador da paradeira que é a vida daquele homem. Pra mim, o filme é o retrato do tédio, e de uma vida inteira que deu errado – ou, pelo menos, não deu certo.

      A temática da volta no tempo pode ser considerada lugar-comum no cinema. Filmes como a trilogia Back to the Future, The Terminator e Butterfly Effect tratam desse tema, e deixam bem claro que voltas ao passado ou idas ao futuro podem ser bem perigosas.


      Aqui, apesar do tema ser igual, a história não tem como foco essa necessidade de voltar ou ir pra frente com o propósito de salvar o mundo ou tentar desfazer coisas ruins. O imortal escolhe Ernesto porque sabe que ele simplesmente nunca viveu. E quer lhe dar a oportunidade de viver – e bem que Ernesto reclama que em sua vida sempre lhe faltaram oportunidades.

      O que nos faz pensar, claro, na proposta e em toda a nossa vida. Será que voltar no tempo com a consciência e experiência que temos hoje nos traria bons resultados? Será que voltar no tempo e tentar solucionar eventuais problemas pendentes teria reflexos positivos no presente? E, afinal, se tivéssemos a chance de voltar e “fazer tudo diferente” realmente faríamos tudo diferente?

      Tá aí um filme que, com apenas 1 hora e 20 minutos, me fez pensar bastante. Super recomendo, sempre bom refletir. Até a próxima.

“As diversas idades de um homem, eu as denominaria de campo de concentração. A cada ano, um arame farpado eletrificado a mais. Trinta já é Auschwitz.”

Resenha por: Stephanie Eschiapati

terça-feira, 23 de abril de 2013

Depois de Lúcia

      Os filmes estrangeiros vêm ganhando espaço no cinema devido às suas ótimas películas, que se sobrepõem aos outros, tanto no quesito história quanto no quesito produção. Um desses filmes é Después de Lucía, que, para mim, é um belo exemplo de violência gratuita, mas com o intuito de demonstrar uma realidade que muitos tentam ignorar.

DESPUÉS DE LUCÍA (2012)



      Esse filme possui cenas fortes, que me fizeram pausá-lo várias vezes pra digerir o que estava acontecendo. Para conseguirmos uma resenha mais detalhada, terei que expor pelo menos uma das crueldades que acontecem com Alejandra durante o filme, mas vou deixar um alerta de “Spoiler!” antes, para que as pessoas que ainda não assistiram não fiquem bravas.

      Os primeiros minutos do filme são realmente parados, e isso pode fazer com que até os mais interessados desistam de assisti-lo. A câmera se localiza o tempo todo no carro do pai de Alejandra, protagonista da história. Digamos que os próximos minutos do filme não possuem vínculo algum com o resto da história, mas, se pensarmos bem, podemos comparar esse começo com o final do filme, especificamente a última cena: é demonstrado como o pai de Alejandra lida de forma não tão pacífica com as coisas que contrariam seus interesses. Tanto no começo quanto no final do filme, sua atitude revela essa falta de paciência.


      Os próximos minutos mostram a viagem que Alejandra faz com seu pai. Um acidente que matara a mãe de Alejandra fez com que os dois mudassem de cidade, com o intuito de tentar esquecer essa depressão que estava atingindo suas vidas. Bom, até aí tudo bem. E até alguns minutos depois, tudo bem também.


      Alejandra muda para uma nova escola. Uma escola um tanto quanto “autoritária”, cujas viagens escolares são obrigatórias, além de fazerem um exame de doping periodicamente nos alunos. No exame de Alejandra aparece um problema: constatação de maconha. Seu pai é chamado a comparecer na diretoria para ser informado sobre o fato, e é alertado que, se outra constatação como essa ocorresse novamente, a expulsão de Alejandra de certo aconteceria. Fora do estabelecimento educacional, pai e filha conversam, e podemos verificar o quão pacífico é o relacionamento dos dois: ele perdoa o que ela fez, sem mais delongas.




      A garota faz amigos na escola e aceita o convite para passar um final de semana na casa de um deles. Todos fumam maconha, mas Alejandra se recusa por medo do exame de doping escolar. E foi justamente esse dia o princípio de todo o sofrimento pelo qual ela passaria pelos próximos meses de sua vida: Alejandra transa com um dos amigos, permitindo que ele gravasse tudo com a câmera do celular. Ela não exigiu que ele apagasse o vídeo posteriormente, mas confiou que daquele aparelho nada sairia para o mundo das divulgações. A partir daqui é bem óbvio o que acontece: o vídeo vai parar na internet.


      Podemos perceber também que os “amigos” de Alejandra são todos falsos (also known as “falsianes”, hahaha). O garoto com quem ela transou se desculpou - disse que pegaram o celular dele e  postaram o vídeo sem sua autorização. Já as “amigas” não agem com a mesma atitude: uma delas era “ficante” desse garoto, e ela desempenhará o papel principal nos atos terríveis que serão praticados contra Alejandra.

      O filme trata, portanto, da questão do bullying. Só que esse bullying, na história de Alejandra, é algo horroroso, uma violência gratuita sem fim, com atos inimagináveis praticados contra uma pessoa que não fez nada demais. Alejandra é chamada de “puta” a todo instante, e eu vou contar agora uma coisa horrorosa que fizeram com ela. Uma coisa horrorosa e muito nojenta.




      SPOILER! - no texto e nas imagens.

      No dia do aniversário de Alejandra, os amiguinhos da escola decidem lhe fazer uma grande surpresa - e que surpresa. Era o final da última aula, e quando Alejandra tenta se levantar de sua carteira para ir embora, eles a obrigam a sentar e ficar ali, para presenciar praticamente o auge das humilhações já sofridas por ela até aquele momento. O que acontece é algo extremamente nojento e cruel, e essa foi uma das cenas em que eu tive que pausar o filme para conseguir digerir o que estava acontecendo.



      Os amigos de Alejandra levam um bolo pra ela. Isso mesmo, só que esse bolo é feito de fezes. Cocô. Ou qualquer outra palavra derivada que vocês prefiram. E eles obrigam Alejandra a comer praticamente o pedaço inteiro. E ainda dizem que não é para sobrar nada, visto que demoraram muito tempo no banheiro para que a obra ficasse pronta. Sério, eu ainda não consigo acreditar que na vida real coisas assim acontecem. Mas só não acreditamos porque, talvez, esse tipo de coisa não faça parte de nossa realidade. É uma tortura pela qual eu nunca imaginaria passar.


      FIM DO SPOILER!

      Enfim, essa é apenas UMA das inúmeras cenas cruéis que acontecem com Alejandra. O problema é que, atualmente, muitas crianças e adolescentes sofrem com as mesmas e outras situações, porém ocultam tais fatos por vários motivos: medo, depressão, negação, vergonha etc. No caso de Alejandra, por exemplo, o problema estava relacionado ao seu pai, pois ela tinha vergonha que ele soubesse que ela gravou um vídeo de sexo. Portanto, ela aceita as humilhações (mas não eternamente).

      A cena final é uma grande reviravolta na história. Foi algo sensacional e que eu adorei ter acontecido, apesar das tantas tragédias que ocorreram durante o filme.


      Lembrando, também, que os cortes de cenas, além da fotografia, são realmente muito bons e diferentes dos filmes convencionais (e essas são as características que sempre fazem com que eu goste mais de um filme do que do outro). É realmente um grande filme, forte, realista, perturbador. Nem vou me alongar no tema bullying, pois acredito que todo mundo sabe o quão horroroso é e quão presente está no mundo.

      É realmente um grande filme, forte, realista, perturbador. Nem vou me alongar no tema bullying, pois acredito que todo mundo sabe o quão horroroso isso pode ser e quão presente está no mundo. Gostaria que, quem pudesse, assistisse o quanto antes esse filme pra me contar o que achou. Só não dou cinco estrelas porque o filme me fez sentir mal algumas vezes.

      E a pergunta que fica é: quem, afinal, é Lucía? Ao que tudo indica, era a mãe de Alejandra, porém, se alguém tiver mais alguma opinião sobre isso, por favor, fiquem à vontade para informar.

Resenha por: Rebeca Reale

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