sábado, 8 de dezembro de 2012

Casablanca

      Acho uma honra falar sobre esse filme. Aliás, vou me esforçar muito pra conseguir falar dele sem me alongar demais, afinal, são tantos detalhes importantes por aqui que fica difícil ser imparcial e sucinta.

CASABLANCA (1942)



      Segunda Guerra Mundial: Casablanca é a capital do Marrocos, território ainda não ocupado pelos nazistas (hoje, a capital é Rabat). Além disso, é rota obrigatória pra quem quer sair da Europa – ilegalmente, através de vistos falsificados denominados “salvo-condutos” – indo à Lisboa e, de lá, voando até a América.

      O point da cidade é o Rick’s Café Americain, um bar/cassino comandado por Richard Blaine (Humphrey Bogart), um sujeito incrivelmente cínico e um tanto misterioso. Afinal, apesar do furor político acontecendo, ele não se envolve com nada, e afirma, o tempo todo, que o único negócio que o interessa é o seu mesmo.


      Esse fato faz com que ele seja amigo de muita gente, e tenha muita influência em Casablanca. Um de seus melhores amigos é o Capitão Renault (Claude Rains), um policial corrupto – afinal, por certa remuneração, ele assinava os salvo-condutos e fazia vista grossa para as apostas ilegais do bar do Rick – mas muito gente boa.


      Isso porque um líder do Terceiro Reich, Major Strasser (Conrad Veidt) chega à Casablanca com uma missão: prender Victor Slaszlo (Paul Henreid), já conhecido pela Europa por ter fugido de um campo de concentração e disseminar ideias revolucionárias. Pelo que a polícia já sabe, Victor pretende comprar dois salvo-condutos com Ugarte (Peter Lorre), e, assim, deixar Casablanca para partir rumo à América.



      Seria simples se Ugarte não tivesse sido preso na noite em que Victor iria negociar com ele. Seria simples também se Ugarte, por medo da polícia, não tivesse deixado os vistos de saída nas mãos de Rick, e ter sido morto pelos policiais depois. O que restou foi o mistério de com quem aqueles salvo-condutos estariam, afinal, Richard manteve-se completamente discreto e alheio sobre o assunto.


      Como se não bastasse, Victor chega acompanhado de Ilsa Lund (vivida pela lindíssima Ingrid Bergman). É possível perceber que ela já tem alguma familiaridade no local, pois conhece o pianista, Sam (Dooley Wilson), e lhe pede pra tocar uma música específica, As Time Goes By. Ela vê, então, Rick, e dá pra notar que entre os dois já houve alguma coisa.



      De fato, isso é explicado em seguida: Rick e Ilsa se conheceram e se apaixonaram em Paris. Ele tinha um passado consideravelmente nebuloso, por ter lutado com os revolucionários na Espanha. Então, era caçado, assim como estava sendo Victor. Então, quando o casal resolveu deixar Paris para começar uma vida nova, Ilsa abandonou Rick, deixando apenas um bilhete sem maiores explicações.

(Tradução: Richard, não posso ir com você ou vê-lo novamente. Você não deve perguntar o porquê. Apenas acredite que te amo, meu querido, e Deus te abençoe. Ilsa)

      Então, dá pra perceber que o clima entre Rick e Ilsa não é dos melhores. Quando eles se encontram, Richard, na mesma noite, começa a beber muito – o amor que ele sente é tão lindo, apesar de ser cheio de mágoa e tristeza! Enquanto isso, Ilsa também não mantém seu equilíbrio, o que deixa claro que o que ambos sentem ainda é algo latente.

      Enquanto isso, o Major Stasser, com a ajuda do Capitão Renault, planejam fechar cada vez mais o cerco, pra impedir outra fuga de Victor. Vale dizer que o capitão não vai muito com a cara do major, e ele dá mostras disso ao longo do filme, principalmente no final.

      E a trama vai rolando entre a perseguição velada a Victor, o amor ainda existente entre Rick e Ilsa e as tentativas de conseguir os salvo-condutos. Rick, inclusive, vai dando mostras de que, sob aquela casca recheada de sarcasmo e indiferença ao que acontece fora de seu bar, há um homem de coração incrível, que pode fazer de tudo pra ajudar quem merece. Devo parar por aqui pra não dar muito spoiler, pois devo dizer que o final de Casablanca é surpreendente.


      Bom, o que dizer de um filme clássico, com 70 anos (sua estreia mundial ocorreu em 26 de novembro de 1942), feito com a temática da Guerra DENTRO da Guerra mas expirando romance? Acontece tanta coisa em Casablanca que o filme não fica nada apelativo, nem em relação à guerra, nem em relação ao romance. É um equilíbrio incrível, que não te deixa entediado em nenhum minuto.

      É possível analisar o filme sob uma série de ângulos diferentes, e criei premissas pequenas para cada um deles: uma história de amor desenvolvida na Guerra, a política influenciando a polícia, uma história de infidelidade, a metamorfose que pode ser realizada pelo amor. Tudo isso consegue descrever partes de Casablanca, mas não o todo. Afinal, são todas essas frases juntas que definem o filme, e tantas outras, que cada espectador pode criar.

      Cabe ressaltar a sensibilidade de Ingrid Bergman nesta película. Além da beleza – que não precisa nem ser comentada – a paixão com que ela fazia cada cena era incrível. Só pra constar, é essa uma das razões pelas quais prefiro filmes mais antigos: coloquei na cabeça que os atores aceitavam os papeis por amor e não por dinheiro (posso estar errada, mas prefiro pensar assim), o que deixava as atuações tão perfeitas. O casal Humphrey Bogart e Ingrid Bergman foi, sem dúvida, uma bela escolha, assim como Paul Henreid, pelo qual é possível se afeiçoar bastante, mesmo sendo ele quem pode atrapalhar o romance de Rick e Ilsa.


      Enfim, nem preciso dizer que recomendo MUITO esse filme. Além disso, deixo claro aqui que não tô puxando toda essa sardinha só porque é clássico, não; é porque é bom mesmo. Até a próxima.

We will always have Paris.

Resenha por: Stephanie Eschiapati

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