segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Shame

      Se eu fosse a responsável pela censura de filmes por faixa de idade, esse não seria nem pra maiores de 18, e sim, pra 30 anos. Ok, brincadeira. Shame tem cenas MUITO fortes; cenas que, em qualquer outro filme, eu consideraria desnecessárias. Mas, aqui, elas fazem toda a diferença.

SHAME (2011)



      Brandon, interpretado por Michael Fassbender, é um típico homem americano bem sucedido: executivo de empresa, bonitão, rico e com um belo apartamento. O problema de Brandon é ~basiquinho~: ele é ninfomaníaco. Isso não é falado diretamente no filme, mas os dez primeiros minutos já deixam bem claro. Se ele não está com alguma mulher, está satisfazendo sozinho suas necessidades. Até no trabalho ele faz isso.

      É claro que achei isso estranho. Mas a coisa fica pior quando a irmã de Brandon, Sissy (Carey Mulligan) aparece, com fins de ficar em sua casa por um tempo porque terminou com o namorado. Ela chama o irmão pra vê-la cantar em um restaurante. Relutando, ele vai, e leva seu chefe consigo. Este, no pouco que aparece, já pode ser visto como o típico cafajeste, afinal, mesmo sendo casado, começa a dar em cima de Sissy e consegue levá-la pra cama.


      E não é qualquer cama; é a cama do apartamento de Brandon. Também achei isso meio estranho. Só que mais esquisita ainda é a reação dele: sinceramente, fiquei em dúvida se ele sente ciúme de Sissy por ser seu irmão ou por gostar dela como mulher.

      
      Depois dessa noite, a relação entre os irmãos, que já não era muito boa, fica pior. Aparentemente Brandon não suporta a moça, menos ainda sua estadia por tempo indeterminado na sua casa. Ele sente sua privacidade sendo mitigada, mesmo porque Sissy também tem umas atitudes estranhas em relação ao irmão, que me deixaram pensando se aquilo era normal ou se beirava o absurdo.


      Confesso que fiquei meio decepcionada com o filme porque, depois de mais de uma hora e meia, eu queria - e PRECISAVA - de uma explicação. Shame fica confuso em uma série de vezes, me fazendo voltar a cena pra saber se o Brandon estava sonhando, lembrando algo que já tinha feito ou realmente fazendo a coisa. Mas, até aí, tudo bem.

      Os problemas, pra mim, foram a dúvida sobre o que os irmãos sentiam um pelo outro e a razão pela qual Brandon era viciado em sexo. É claro que dá pra perceber que ele via nas relações sexuais uma válvula de escape para seus problemas, mas QUAIS PROBLEMAS? Sua vida era aparentemente perfeita. Então, a cereja do bolo, pra mim, deve estar no seu passado, infância, família.

      Mas nada disso é explicado no filme. Essas divagações eu comecei a fazer depois de um tempo, em que consegui digerir Shame e ver nele certa beleza. A partir do nome (que, pra nossa sorte, não foi traduzido por aqui), traduzido literalmente como "vergonha", percebi a primeira contradição: não há vergonha no filme. Nada é muito censurado, nem as partes do corpo que aparecem nem as cenas eróticas que envolvem os personagens.

      Vi a vergonha também no que Brandon sente. É perceptível que o sexo, pra ele, não é algo eminentemente prazeroso, pois existe uma carga grande de culpa (ou alguma outra espécie de arrependimento) no ato. Dá pra ver que ele sente muita ressaca moral após as suas "noitadas" (que não necessariamente acontecem à noite). 


      Enfim, convido-lhes a assistirem a esse filme pra apresentarem uma visão diferente da que eu tive. Afinal, é sempre bom tentar entender as coisas através de outros pontos de vista. Espero que gostem (e nem precisa ser de primeira, porque eu mesma não gostei muito do que vi logo de cara). Até a próxima.

Resenha por: Stephanie Eschiapati

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