quinta-feira, 1 de novembro de 2012

1984

      Tendo em vista que comprei um livro do George Orwell hoje, senti uma necessidade incrível de fazer um post em homenagem a ele. E a um dos livros mais lindos, perfeitos, maravilhosos e lindos que já li em toda a minha vida (falei “lindo” duas vezes, né? É a emoção, gente).

1984 (1984)


(Tradução: Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado)

      Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força: essas são as máximas do Socing, governo totalitário “110%” controlador da Oceânia. Todos aqueles que concordam com os ideais do partido andam com a mesma roupa e têm empregos tecnicamente parecidos, além de terem sua liberdade retirada por completo. É assim que vive Winston Smith (John Hurt), protagonista da história, que, em dado momento, compra um diário no bairro dos proletas (uma referência ao proletariado, que, apesar de parte majoritária da população, estão completamente à margem da sociedade) e começa a escrever suas ideias que contestam as máximas do Partido. É claro que ele faz isso na surdina, pois as teletelas estão em todo lugar.

      Sim, há monitores que transmitem a vida das pessoas em suas casas, locais de trabalho, rua etc. Não há intimidade. Vem daí outra máxima do Partido, Big Brother is watching you (“O Grande Irmão está de olho em você”) e o Grande Irmão é o líder supremo do Partido.

(O Grande Irmão)

      O controle que o Partido busca é total. Até o idioma falado muda: trata-se da “Novafala”, que procura, através da supressão de palavras, mitigar o pensamento das pessoas a ponto de não restarem palavras pra se pensar mal do Partido. Parece maluco, mas é bem assim. Inclusive, há um dicionário dessa nova língua, que, no filme, é usado como pretexto para um importante acontecimento.

      Todos os dias os funcionários dos Ministérios (Verdade, que cuida das informações mentirosas que o governo publica, Paz, que cuida da guerra, e Amor, que cuida do tratamento ~carinhoso~ dado aos subversores do Partido) param suas atividades por dois minutos para demonstrar todo o seu ódio a Goldstein, o inimigo público e mais perigoso da Oceânia e do Grande Irmão. São os “Dois Minutos do Ódio”. É aí que WinstonJulia (Suzanna Hamilton) pela primeira vez, e nutre por ela um ódio extremo, pois tem certeza de que ela faz parte da Polícia das Ideias (o órgão mais perigoso do Partido, aquele que busca cada detalhe do que as pessoas pensam pra saber se suas ideias são ou não contrárias à ordem).

      Entretanto, não é bem assim: numa manobra sutil, Julia entrega um bilhete a Winston dizendo que o ama. Começa, então, a relação dos dois, em segredo, primeiro, porque funcionários do Partido não podiam nutrir quaisquer envolvimentos amorosos senão com fins de reprodução, e, segundo, porque Julia também odeia o Grande Irmão e toda a baboseira falsa que envolve o governo.

(O primeiro contato entre Winston e Julia)

      É aí que entra O’Brien (Richard Burton), um dos funcionários de mais alto escalão do Partido. Winston sempre sentiu certo tipo de confiança nele, pois achava, lá no fundo, que sua fidelidade ao sistema era falsa. E é isso mesmo o que acontece: O’Brien aparece a Winston e se revela um aliado de Goldstein, e busca nele e em Julia mais aliados a fim de acabar com a tirania do Grande Irmão. A história rola, então, no amor entre Winston e Julia e as colaborações de O’Brien. Paro por aqui de contar a história. 

(Winston, à esquerda; O'Brien, à direita)

      1984 é mais um daqueles filmes com um bilhão de reviravoltas, cujo final te deixa pensativo. Passo, então, às minhas considerações pessoais a respeito do filme (e do livro, claro).


      
      1984 traz uma visão metafórica de sociedade. Uma sociedade que Orwell viveu e previu que poderia se repetir, dados os acontecimentos da época (estamos falando de 1948). Então, todo aquele exagero em relação às teletelas e às informações mentirosas que o governo divulga pra manter a população sob controle têm um sentido. E digo mais, digo que Orwell teve vieses de Nostradamus, porque hoje existe tanta câmera por aí que você se sente observado mesmo.


      

      Quanto ao livro, amei, daria 5 estrelas por ele. O filme, entretanto, deixa a desejar, o que é perfeitamente compreensível, visto que seria difícil demais reproduzir com fidelidade tudo o que Orwell escreveu. É muito profundo, gente. São cenas intensas, que ficam na cabeça, impossíveis de não imaginar. Já o filme, por sua vez, deixou algumas partes importantes do livro pra trás (por isso a nota oito, aliás).
      Foram poucos os filmes que vieram de livros que não me decepcionaram. 1984 é um deles. Winston, Julia, O’Brien e até o Grande Irmão eram exatamente o que eu imaginava que seriam. Até as teletelas condisseram com o que eu imaginei enquanto lia. Aliás, como conselho pessoal, recomendo que se leia o livro antes de ver o filme, que, exatamente por alguns detalhes do livro deixados no caminho, pode se tornar meio confuso pra um marinheiro de primeira viagem. No mais, o filme é forte, intenso, incômodo – e, se você pensar no tipo de sociedade em que vivemos hoje (com essa exacerbação da mídia na intimidade das pessoas e da nossa própria exposição nas redes sociais), você pensa: será que o Grande Irmão já não está entre nós? Enjoy the movie, peace out.


Resenha por: Stephanie Eschiapati

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua opinião sobre o blog ou sobre o filme!