sábado, 15 de dezembro de 2012

Eu matei minha mãe

      Título forte, que me atraiu pra assistir ao filme. Não me arrependi. 

J'AI TUÉ MA MÈRE (2009)


      O filme tem um roteiro aparentemente simples:  a dura convivência entre Hubert, um adolescente de 17 anos (vivido por Xavier Dolan, que também dirige a película – aliás, invejinha básica dele, afinal, dirige e protagoniza um filme tão intenso aos 23 anos de idade) e sua mãe, Chantal (Anne Dorval). É a típica família monoparental, pois, após o divórcio dos pais (que ocorreu quando Hubert tinha sete anos), seu pai, Richard (Pierre Chagnon), se afasta consideravelmente dos dois.


      Hubert podia ser só um adolescente revoltado como tantos outros, mas é perceptível que a revolta dele não é normal: ele odeia a mãe, e não é aquela raivinha que bate quando a mãe não deixa sair, não, é ódio mesmo. Ele odeia as roupas que ela veste, o jeito como ela come e como mantém a casa. Qualquer assunto dá margem a discussões, permeadas por palavrões e muita falta de respeito. 

      Chega a dar aflição acompanhar as brigas. Mesmo porque elas começam por motivos extremamente fúteis e terminam sem pé nem cabeça. Grande parte do filme gira em torno dessas discussões, que dividem espaço com manifestações de amor incondicional entre mãe e filho. É tudo muito estranho, pra ser sincera.

      Um detalhe muito interessante é que várias cenas do filme parecem um documentário: Hubert fica em frente à câmera falando o que sente pela mãe. São sentimentos confusos, pois, segundo ele mesmo, ele a ama, mas não como filho; mataria alguém que tocasse nela, mas existem centenas de pessoas que ele ama mais do que a própria mãe.



      Hubert começa uma grande amizade com sua professora, Julie (Suzanne Clément), em decorrência de seus problemas familiares. Os dois compartilham a mesma dor: enquanto o garoto não se dá bem com a mãe, a professora não se dá bem com o pai. 


      A situação fica ainda mais tensa quando os pais de Hubert – sim, OS PAIS, afinal, depois de quatro meses sem dar notícia, Richard Minel resolve dar as caras – decidem colocá-lo em um colégio interno. Isso aumenta ainda mais a revolta do garoto, que, devido a essa experiência, começa a ver a vida de um jeito diferente.


      Minha primeira reação ao término desse filme foi: “Nossa, preciso escolher um lado”. É mais ou menos por aí. São dois opostos: a mãe, mulher média, trabalhadora, que tem de criar um filho sozinha; e o filho de 17 anos, sensivelmente mimado e marrento. São as duas ópticas pelas quais você pode assistir a esse filme, e, ao final, ver quem tem razão – se é que alguém tem razão.

      Parcialmente falando, se é pra escolher um dos dois, eu escolho o da mãe. Vi um pouco de mim no Hubert, e o espectador provavelmente sentirá o mesmo. A questão é que sua mãe, apesar de parecer fria às vezes, é só uma mulher maltratada pela vida, cansada, sem paciência pros showzinhos do filho, na verdade. Não a critico porque não consegui  enxergar, no decorrer do filme, motivos reais pro Hubert ser tão revoltado. Ele apenas não conseguiu enfrentar, na boa, uma situação que tanta gente enfrenta hoje em dia: a separação dos pais.



      Críticas à parte, J'ai Tué ma Mère pode ser considerado um filme muito bom. A sensibilidade conferida à película por Xavier Dolan – por ser diretor e protagonista, na minha opinião – força, em cada cena, o espectador a pensar, se enxergar, como um espelho. Existe, existiu ou existirá um pouco de Hubert em cada um de nós, em maior ou menor intensidade. 

      Gosto de filmes em que os diálogos são fortes e os silêncios, reveladores. Esse filme é assim. A gente não precisa esperar que Hubert e Chantal se falem o tempo todo pra entender o filme; a sintonia entre Xavier Dolan e Anne Dorval é linda. O filme é forte como um todo: desde o seu título, no mínimo, controverso; até as cenas mais básicas, que te fazem parar e pensar: o que eu sinto pela minha mãe? Super recomendo, galera. Até.



Resenha por: Stephanie Eschiapati

      P.S.: Mamãe, te amo :3

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Túmulo dos Vagalumes

      Faz um dia que vi esse filme e ainda estou desidratada de tanto chorar. Pensem em um filme triste. Demasiadamente triste e que, mesmo sendo animação, retrata perfeitamente uma história que se passa durante a guerra no Japão de uma forma brutalmente realista, sendo digna, digo eu, de um Oscar.

HOTARU NO HAKA (1988)



      O filme começa pelo final, e já nesses quatro primeiros minutos conseguimos sentir a intensidade da história. Então, quando vocês acabarem de assisti-lo, voltem ao começo, pois o que está lá com certeza irá ampliar os sentimentos de emoção e tantos outros em torno de 200%. Sim, é isso mesmo.

      A história se passa durante Segunda Guerra Mundial, no Japão, na época em que ocorreu o bombardeamento de Kobe. Dois irmãos, Seita e Setsuko, tentam sobreviver aos inúmeros bombardeios feitos pelos aviões de guerra. De início, ainda contam com a ajuda de sua mãe, mas infelizmente ela é atingida em um dos ataques, deixando os irmãos à beira de suas próprias sortes para sobreviverem da maneira que conseguirem: sozinhos. O pai está lutando na guerra, mas é dado como desaparecido, o que diminui ainda mais as esperanças do irmão mais velho, Seita, de que ele e sua irmã sobrevivam. Porém, nenhum desses acontecimentos faz com que ele desista. Ele luta bravamente para conseguir um lugar onde ficar e, acima de tudo, conseguir comida. O mais importante para ele, no momento, é manter sua irmã a salvo – Seita tem 12 anos e sua irmã aproximadamente 4 anos.


(Seita e Setsuko)

      Este filme é uma adaptação do livro que leva o mesmo nome (Hotaru no Haka)e a animação foi criada e dirigida pelo Studio Ghibli (o Studio Ghibli foi fundado pelo diretor do filme, Isao Takahata, e também pelo meu diretor preferido, Hayao Miyazaki, que não tem participação nesta película).

      As crianças conseguem se hospedar em uma casa, mas a dona, realmente sem motivo algum, começa a repelir os irmãos para que procurem outro lugar para morar. Mesmo morando sob um teto, é dificílimo arrumar comida nesses tempos de guerra. Imaginem, então, a situação de duas crianças sem um lugar para (sobre)viver. E é isso o que acontece – não podendo mais ficar nesta casa, Seita e Setsuko vão morar, literalmente, no meio do mato, em uma espécie de abrigo construído debaixo de uma montanha. Chega um momento em que Seita não consegue mais comprar comida para a sobrevivência de ambos; então, durante os ataques aéreos, ele arrisca sua própria vida furtando as casas vazias, enquanto os moradores se alojam nos abrigos.

      É realmente impressionante como cada personagem, mesmo através de um desenho, consegue retratar diversas emoções. Setsuko é uma garotinha feliz, angelical, que encanta todos ao seu redor; Seita, por sua vez, é um garoto valente, que faz de tudo para proteger sua pequena irmã de todos os males da guerra. Este sentimento de piedade e compaixão que os personagens repassam, infelizmente, não consegue atingir os outros personagens da trama. Muitas pessoas observam a situação pela qual os irmãos estão passando e, mesmo assim, agem com ignorância e indiferença, como se eles fossem apenas mais duas crianças predestinadas a morrer. Negam-lhes comida, abrigo e remédio. Mesmo em tempos de guerra, referidas atitudes não são justificáveis.

      Tudo isso ainda é demonstrado quando a pequena Setsuko fica doente. Além de várias doenças de pele, decorrentes do fato de morarem no meio do mato, sem possuírem qualquer meio de higiene pessoal, ela também é atacada por uma terrível desnutrição, devido à escassez de alimentos. Mesmo levando a irmã ao médico, ele se recusa de uma forma muito fria e cruel em ceder alguma medicação à garotinha. Todos desprezam os irmãos de uma forma tão cruel e sem coração, que é impossível não ficar triste durante o decorrer da história.




      A narrativa do filme é bem simples; a história segue uma ordem cronológica básica sobre a história dos irmãos, sem nenhum truque, sem nenhuma interferência, e, ainda assim, o teor trágico predomina durante toda a trama. Nesse caso, não podemos dizer que a “diferença está nos detalhes”. Aqui, a diferença está na simplicidade, o que deixa tudo mais real (principalmente os sentimentos e as emoções).

      Pra vocês entenderem a profundidade especial deste filme, ficamos com um sentimento altruísta mesmo já sabendo o que vai acontecer. É como se não nos conformássemos; esperamos que apareça uma solução para o que está acontecendo; esperamos ver um sorriso, novamente, no rosto de cada personagem. A nossa esperança, bem como a dos protagonistas, é a última que morre.

      Todas as cenas possuem detalhes especiais, principalmente aquela que dá nome ao filme. Quando vão morar no mato, Setsuko não consegue dormir devido à escuridão do local. Ela e o irmão, então, capturam vários vagalumes para iluminar a “moradia”. No dia seguinte, Setsuko enterra os animais, e lamenta por terem um período de vida tão curto – e isso nos remete ao que está acontecendo com todas as pessoas nessa época de guerra. E assim, também, podemos relacionar a vida de Setsuko com a de um vagalume – sem os cuidados necessários, o que era pra ser uma vida feliz, longa e digna, passa a ser efêmera e com um mínimo de felicidade.



      Há cenas que mostram exatamente a simplicidade das pequenas coisas – quando Setsuko está com fome e Seita não consegue comida para lhe dar, ela apenas se contenta com pequenas balas de fruta que ficam guardadas dentro de uma caixinha de metal. O valor psicológico e sentimental que esta caixinha representa na trama também possui certa profundidade. Quando nos lembramos dessa caixinha, todos os sentimentos que ocorreram enquanto assistíamos ao filme vêm à tona.

      Simples, inocente, profundo, um retrato impecável da Segunda Guerra Mundial, que mostra com exatidão, de uma forma trágica e intensa, a vida de quem tentou sobreviver em meio a tanto caos. É uma história de sobrevivência maravilhosa, sobre um amor incondicional entre os dois irmãos, protagonistas da história, bem como sobre a indiferença e repugnância dos terceiros com os quais tentaram se envolver ao pedir socorro.

      Se através de uma animação conseguiram retratar todas as coisas horríveis que aconteceram durante a guerra (e sem cunho político), apenas para demonstrar as dificuldades decorrentes desse acontecimento histórico, um sentimento horroroso me atinge só ao imaginar como tudo isso aconteceu na realidade. Ademais, o filme chega a ser tão bom que, apenas com a trilha sonora, e sem as cenas intensas de dor e tristeza, o sentimento fica à flor da pele.


      Preparem o coração, pois esse é um daqueles filmes chocantes e cheio de emoções ao decorrer de toda a história. Ninguém deve deixar de apreciar esta obra maravilhosa.


“Saito, por que os vagalumes têm de morrer tão cedo?”

      Link para download (formato AVI legendado):
      Clique aqui.

Resenha por: Rebeca Reale

sábado, 8 de dezembro de 2012

Casablanca

      Acho uma honra falar sobre esse filme. Aliás, vou me esforçar muito pra conseguir falar dele sem me alongar demais, afinal, são tantos detalhes importantes por aqui que fica difícil ser imparcial e sucinta.

CASABLANCA (1942)



      Segunda Guerra Mundial: Casablanca é a capital do Marrocos, território ainda não ocupado pelos nazistas (hoje, a capital é Rabat). Além disso, é rota obrigatória pra quem quer sair da Europa – ilegalmente, através de vistos falsificados denominados “salvo-condutos” – indo à Lisboa e, de lá, voando até a América.

      O point da cidade é o Rick’s Café Americain, um bar/cassino comandado por Richard Blaine (Humphrey Bogart), um sujeito incrivelmente cínico e um tanto misterioso. Afinal, apesar do furor político acontecendo, ele não se envolve com nada, e afirma, o tempo todo, que o único negócio que o interessa é o seu mesmo.


      Esse fato faz com que ele seja amigo de muita gente, e tenha muita influência em Casablanca. Um de seus melhores amigos é o Capitão Renault (Claude Rains), um policial corrupto – afinal, por certa remuneração, ele assinava os salvo-condutos e fazia vista grossa para as apostas ilegais do bar do Rick – mas muito gente boa.


      Isso porque um líder do Terceiro Reich, Major Strasser (Conrad Veidt) chega à Casablanca com uma missão: prender Victor Slaszlo (Paul Henreid), já conhecido pela Europa por ter fugido de um campo de concentração e disseminar ideias revolucionárias. Pelo que a polícia já sabe, Victor pretende comprar dois salvo-condutos com Ugarte (Peter Lorre), e, assim, deixar Casablanca para partir rumo à América.



      Seria simples se Ugarte não tivesse sido preso na noite em que Victor iria negociar com ele. Seria simples também se Ugarte, por medo da polícia, não tivesse deixado os vistos de saída nas mãos de Rick, e ter sido morto pelos policiais depois. O que restou foi o mistério de com quem aqueles salvo-condutos estariam, afinal, Richard manteve-se completamente discreto e alheio sobre o assunto.


      Como se não bastasse, Victor chega acompanhado de Ilsa Lund (vivida pela lindíssima Ingrid Bergman). É possível perceber que ela já tem alguma familiaridade no local, pois conhece o pianista, Sam (Dooley Wilson), e lhe pede pra tocar uma música específica, As Time Goes By. Ela vê, então, Rick, e dá pra notar que entre os dois já houve alguma coisa.



      De fato, isso é explicado em seguida: Rick e Ilsa se conheceram e se apaixonaram em Paris. Ele tinha um passado consideravelmente nebuloso, por ter lutado com os revolucionários na Espanha. Então, era caçado, assim como estava sendo Victor. Então, quando o casal resolveu deixar Paris para começar uma vida nova, Ilsa abandonou Rick, deixando apenas um bilhete sem maiores explicações.

(Tradução: Richard, não posso ir com você ou vê-lo novamente. Você não deve perguntar o porquê. Apenas acredite que te amo, meu querido, e Deus te abençoe. Ilsa)

      Então, dá pra perceber que o clima entre Rick e Ilsa não é dos melhores. Quando eles se encontram, Richard, na mesma noite, começa a beber muito – o amor que ele sente é tão lindo, apesar de ser cheio de mágoa e tristeza! Enquanto isso, Ilsa também não mantém seu equilíbrio, o que deixa claro que o que ambos sentem ainda é algo latente.

      Enquanto isso, o Major Stasser, com a ajuda do Capitão Renault, planejam fechar cada vez mais o cerco, pra impedir outra fuga de Victor. Vale dizer que o capitão não vai muito com a cara do major, e ele dá mostras disso ao longo do filme, principalmente no final.

      E a trama vai rolando entre a perseguição velada a Victor, o amor ainda existente entre Rick e Ilsa e as tentativas de conseguir os salvo-condutos. Rick, inclusive, vai dando mostras de que, sob aquela casca recheada de sarcasmo e indiferença ao que acontece fora de seu bar, há um homem de coração incrível, que pode fazer de tudo pra ajudar quem merece. Devo parar por aqui pra não dar muito spoiler, pois devo dizer que o final de Casablanca é surpreendente.


      Bom, o que dizer de um filme clássico, com 70 anos (sua estreia mundial ocorreu em 26 de novembro de 1942), feito com a temática da Guerra DENTRO da Guerra mas expirando romance? Acontece tanta coisa em Casablanca que o filme não fica nada apelativo, nem em relação à guerra, nem em relação ao romance. É um equilíbrio incrível, que não te deixa entediado em nenhum minuto.

      É possível analisar o filme sob uma série de ângulos diferentes, e criei premissas pequenas para cada um deles: uma história de amor desenvolvida na Guerra, a política influenciando a polícia, uma história de infidelidade, a metamorfose que pode ser realizada pelo amor. Tudo isso consegue descrever partes de Casablanca, mas não o todo. Afinal, são todas essas frases juntas que definem o filme, e tantas outras, que cada espectador pode criar.

      Cabe ressaltar a sensibilidade de Ingrid Bergman nesta película. Além da beleza – que não precisa nem ser comentada – a paixão com que ela fazia cada cena era incrível. Só pra constar, é essa uma das razões pelas quais prefiro filmes mais antigos: coloquei na cabeça que os atores aceitavam os papeis por amor e não por dinheiro (posso estar errada, mas prefiro pensar assim), o que deixava as atuações tão perfeitas. O casal Humphrey Bogart e Ingrid Bergman foi, sem dúvida, uma bela escolha, assim como Paul Henreid, pelo qual é possível se afeiçoar bastante, mesmo sendo ele quem pode atrapalhar o romance de Rick e Ilsa.


      Enfim, nem preciso dizer que recomendo MUITO esse filme. Além disso, deixo claro aqui que não tô puxando toda essa sardinha só porque é clássico, não; é porque é bom mesmo. Até a próxima.

We will always have Paris.

Resenha por: Stephanie Eschiapati

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Planeta Terror

      Pelo título, dá pra imaginar que se trata de um filme apavorante, medonho e desesperador, sim? Só que não.

PLANET TERROR (2007)



      Tudo começa com uma bonita dançarina, Cherry (Rose McGowan) que decide dar um up na vida e sair dessa vida de bordel. Ela vai caminhando e sofre um pequeno acidente, após a brusca passagem de um comboio militar.

      O filme passa, então, a falar sobre um casal de médicos, William (Josh Brolin) e Dakota (Marley Shelton – que eu particularmente adoro desde o filme Sugar & Spice – Atraídas pelo Perigo) se preparando pra mais uma noite de plantão no hospital da cidade. Eles se odeiam, e isso fica bem evidente; inclusive uma troca de SMS dá a impressão de que a médica já tá envolvida com uma outra pessoa.


      Depois, passamos a entender o porquê daquele mega comboio militar: Muldoon (interpretado pelo grande Bruce Willis) encontra Abby (Naveen Andrews) negociando “na surdina” uma grande arma bioquímica e, pra impedir essa negociação (na qual não teria nenhum lucro), atira nos tanques em que o gás está contido e espalha um vírus devastador pela cidade.



      Enquanto isso, Cherry, com a perna machucada, encontra o restaurante de JT (Jeff Fahey), e lá limpa seu ferimento. Lá reencontra El Wray (Freddy Rodriguez), um antigo namorado. Ah, no restaurante também aparece ninguém menos que a Fergie, com o fim de tentar arrumar o carro.



      (Sim, a história parece confusa mas é bem assim mesmo, vários núcleos temáticos diferentes que têm como única ligação a cidade infectada onde estão).

      A Fergie vai embora do restaurante e o carro quebra de novo: ela é a primeira atacada pela legião de zumbis, ou seja, as vítimas daquela arma química liberada. El Wray e Cherry, que saem do restaurante rumo à cidade, veem com muita estranheza uma movimentação na estrada (no caso, os caras comendo o cérebro da Fergie), o rapaz se distrai e capota a caminhonete. Cherry sai do carro e é atacada por zumbis, que lhe arrancam uma perna.

      O casal ruma ao hospital da cidade, que já tem vários infectados no local (mas nos estágios iniciais). Ninguém sabe o que está acontecendo. Cherry vai para a sala de cirurgia e chega a polícia: o xerife Hague (Michael Biehn), interrogando El Wray e não acreditando na explicação que ele dá sobre os fatos, leva-o preso. É aí que a infecção toma proporções maiores, e a coisa sai de controle.


      O pessoal todo que já apareceu no filme vai ao restaurante de JT, inclusive El Wray, que fica sob custódia feroz do xerife. Ele se lembra de Cherry no hospital e corre a buscá-la e, como não podia deixar de ser, começa uma das cenas de luta mais legais e absurdas do filme: Wray mata 9362837 zumbis com duas faquinhas apenas, e consegue desviar do sangue, passar pelo hospital todo e resgatar Cherry, que teve uma das pernas amputada. DETALHE: Wray coloca uma das pernas da mesa do quarto pra ser a prótese dela.


      A cena corta, então, pra Dra. Dakota. Eu já disse que ela e o marido William se odiavam, certo? Depois de uma briga, em que a intenção dele era matá-la, ele dá várias anestesias nas mãos dela, que ficam completamente inúteis. Agora vocês imaginem a cena de ela saindo correndo do hospital, tentando abrir o carro e dirigir, praticamente sem as mãos. Hilário.

      O resto do filme é um sem fim de cenas absurdamente cômicas. O filme é 100% trash, daqueles que espirram sangue até no rosto de quem tá vendo o filme. Os sobreviventes se juntam pra tentar acabar com aquele monte de zumbis, que estão cada vez em maior número e mais famintos por carne fresca.

      O último detalhe que eu tenho que contar porque não é spoiler é a prótese final de Cherry. Em uma luta, aquela perna da mesa quebra; Wray coloca no lugar, nada mais, nada menos, que uma METRALHADORA no lugar. Isso, que se dane a lógica.


      Eu já era fã do Robert Rodriguez desde Machete (que, oportunamente, vai ser comentado por aqui, e cujo trailer aparece no começo de Planet Terror), que, cá entre nós, também é super mega trash. E quando vi que Planet Terror era um dos filmes da parceria entre Rodriguez e Tarantino, corri pra assistir. Grindhouse foi o nome dado a essa parceria. Tarantino, inclusive, aparece em Planet Terror, bem no finalzinho, e é bem engraçado. O outro filme da dupla é Death Proof, a que assistirei assim que possível. O Rodriguez tem como especialidade esse estilo sanguinário de filmes, e, pelo que pesquisei, Tarantino se interessou. Pra mim, pelo menos, deu muito certo.


      Outra coisa legal em Planet Terror é a forma como foi filmado: dá a impressão de que o filme é muito mais antigo (estreou em 2007), devido aos efeitos especiais meio podres nas cenas de luta e, entre as cenas, dá-se a impressão de que você está no cinema, e o rolo do filme dá problema. A ambientação ficou perfeita, pelo menos pra mim, porque você acaba dando risada desse “defeito”.

      Enfim, super recomendo Planet Terror. Por mais que a ideia não seja de assustar, na boa, achei melhor que muito filme de zumbi/terror moderninho por aí. Até.


Resenha por: Stephanie Eschiapati

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Profecia (1976)

      Foi uma novidade assistir A Profecia de 1976, visto que eu só tinha assistido ao de 2006. Se eu não me engano, assisti o mais recente exatamente no dia 06/06/06, quando lançou no cinema. E, por incrível que pareça, prefiro a versão mais nova em face da antiga. Isso quase nunca acontece, mas... dessa vez o filme novo, ao meu ver, conseguiu superar a grandeza do antigo. Dou 4,5 estrelas para A Profecia de 2006, e 4 estrelas para esse; a diferença não é muita, mas posso afirmar com veemência que o de 1976 também é um grande filme.

THE OMEN (1976)


(Tradução: Aqui há sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta: pois é o número de um homem; e seu número é 666 - Livro do Apocalipse)

      Pelo nome, já percebemos que se trata de alguma coisa do mal, mas, de forma contrária, é com outra aura que o filme começa: com o bem triunfando, de certa forma. A história começa com um casal, Robert (Gregory Peck) e Kathy (Lee Remick), que estão prestes a ter um filho; já no hospital, na hora do parto, vem a triste notícia - os médicos informam a Robert que o bebê nasceu, mas respirou apenas por alguns segundos (ou seja, morreu). Nesse mesmo contexto, aparece um padre, apresentando a Robert um outro bebê, implorando para que ficasse com ele. O padre informa que, na mesma hora da morte do filho de Robert, a mãe do outro bebê também morreu, e ainda afirma que isso é obra de Deus entregando um novo filho a ele. Consternado, Robert decide acatar o pedido do padre e ficar com o bebê, sem informar, porém, sua mulher de que se tratava de outra criança.


(Robert)

      O tempo passou, a criança cresceu, e eles sempre foram felizes. Nunca houve algum problema em relação ao garoto. Aliás, seu nome é Damien (Damien, Demon, Demônio... é por aí que começamos a ver a relação do menino com o mal). Tudo ocorreu normalmente bem até o aniversário de 5 anos de Damien. É a partir daí que começam a ocorrer fatos sombrios, mas ninguém pensa e nem imagina em relacionar esses fatos ao garoto. Antes da festa de aniversário, o filme ainda mostra algumas fotos da família, com o intuito de demonstrar que, acredito eu, até o diabo consegue se revestir de uma bondade extraordinária com a intenção de disfarçar seu único objetivo de trazer o mal. Um pai lindo, uma mãe linda e um filho lindo: quem um dia imaginaria que a típica família perfeita traria problemas para todos que se relacionassem com eles? 





     Após o aniversário, uma nova babá é contratada pela família: Senhora Baylock, que considero mais assustadora do que qualquer outro ser do filme. Ela é uma apóstata de Satanás e, agora em contato com a criança, decide protegê-la de tudo e todos que venham a fazer alguma tentativa de destruir a semente do mal.



      Pelo o que eu entendi, Damien nunca tinha entrado numa igreja durante toda sua vida. Certo dia, já com 5 anos, os pais decidem que Damien deve acompanhá-los num casamento, e a reação que o garoto esboça, antes mesmo de entrar na igreja, é algo assustador. Vale conferir sua expressão já ao avistar a igreja de longe:


      Há um padre que tenta, de qualquer forma, avisar Robert de que seu filho, na verdade, é filho do diabo. Mas Robert, como qualquer pai, não acredita em uma blasfêmia como essa, ainda dita por uma pessoa que não conhece. Surge, então, outra pessoa apta a demonstrar que há algo de errado com a família de Robert: o fotógrafo da festa de 5 anos de Damien. Nessa oportunidade, ele tirou uma foto da antiga babá do garoto, e percebeu um certo detalhe na foto que, ao seu ver, poderia ser apenas defeito do rolo do filme - é um feixe de luz, um risco, paralelo à cabeça ou ao corpo da pessoa, como se fosse um raio a atingindo. Mas esses defeitos começam a aparecer em outras fotos: do padre que falou com Robert e também na própria foto do rosto do fotógrafo, interpretado por David Warner. Esses "defeitos" são uma premonição das pessoas que vão morrer - assim, Robert parte em busca de respostas sobre a possível origem de seu filho adotivo, com a intenção de salvar sua mulher e proteger seus conhecidos de uma possível morte.

(O Padre)

      Abaixo está uma das fotos tiradas pelo fotógrafo; basta prestar atenção no risco de luz que corta o retrato em direção ao corpo/cabeça da pessoa:


      Acho que, sobre o filme, já dei informações suficientes. Acredito que qualquer outra coisa que eu contar vai acabar sendo spoiler, e eu não quero estragar o prazer de ninguém que deseja ver esse filme. Todos as imagens que coloquei aqui são prints do filme; sim, dá pra ver que a qualidade não está muito boa, mas juro que dá pra assistir perfeitamente bem e, com o filme rodando, a qualidade fica bem melhor (digamos, nota entre 7 e 8).

      Ainda, antes de encerrar, preciso explicar o motivo de eu achar o filme de 2006 melhor que esse. Pra começar, o filme de 2006 não é melhor em TODOS os aspectos, mas achei que, nos momentos mais relevantes e no quesito "emoção" e "suspense", o filme mais atual conseguiu atingir uma qualidade melhor. E digo isso também em relação ao garoto Damien: o ator que o interpreta no filme mais novo com certeza é muito mais diabólico que o garoto do filme que estamos discutindo aqui; não sei como, mas conseguiram colocar muito mais maldade em seu olhar do que no olhar do Damien de 1976. Os momentos de clímax também alcançam um maior suspense, e até os acidentes foram mais elaborados.

(Damien interpretado por Harvey Stephens - 1976)

(Damien interpretado por Seamus Davey-Fitzpatrick  - 2006)

      Uma coisa que eu achei muito interessante, e que com certeza quem gosta de Harry Potter também vai acabar percebendo, é a semelhança entre os dois atores que interpretam o fotógrafo. Conseguiram pegar alguém muito parecido com o David Warner - e que, por sinal, também se chama David: David Thewlis (e que, por sinal, novamente, fez um dos filmes favoritos de toda a minha vida: Dragonheart).


      Sim, eu sou do contra: praticamente TODO MUNDO prefere um milhão de vezes A Profecia de 1976, e qualifica o de 2006 como - lixo, fraquíssimo, péssimo, descartável em relação do filme antigo -. Eu não achei. Enfim, cada um com sua opinião, mas eu ainda prefiro e sempre vou preferir o filme atual. Então, fica por conta de vocês assistirem aos dois filmes para decidir qual é o melhor. Au revoir!


      "Quando os judeus voltarem à Sião...
E um cometa preencher o céu...
E o Sacro Império Romano se levantar...
Então tu e eu temos de morrer.
Do Mar Eterno ele se levanta...
Criando exércitos em cada margem...
Virando cada um contra seu irmão...
Até que o Homem deixe de existir"

      Link para download (formato RMVB legendado):
      Clique aqui.

Resenha por: Rebeca Reale