segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Túmulo dos Vagalumes

      Faz um dia que vi esse filme e ainda estou desidratada de tanto chorar. Pensem em um filme triste. Demasiadamente triste e que, mesmo sendo animação, retrata perfeitamente uma história que se passa durante a guerra no Japão de uma forma brutalmente realista, sendo digna, digo eu, de um Oscar.

HOTARU NO HAKA (1988)



      O filme começa pelo final, e já nesses quatro primeiros minutos conseguimos sentir a intensidade da história. Então, quando vocês acabarem de assisti-lo, voltem ao começo, pois o que está lá com certeza irá ampliar os sentimentos de emoção e tantos outros em torno de 200%. Sim, é isso mesmo.

      A história se passa durante Segunda Guerra Mundial, no Japão, na época em que ocorreu o bombardeamento de Kobe. Dois irmãos, Seita e Setsuko, tentam sobreviver aos inúmeros bombardeios feitos pelos aviões de guerra. De início, ainda contam com a ajuda de sua mãe, mas infelizmente ela é atingida em um dos ataques, deixando os irmãos à beira de suas próprias sortes para sobreviverem da maneira que conseguirem: sozinhos. O pai está lutando na guerra, mas é dado como desaparecido, o que diminui ainda mais as esperanças do irmão mais velho, Seita, de que ele e sua irmã sobrevivam. Porém, nenhum desses acontecimentos faz com que ele desista. Ele luta bravamente para conseguir um lugar onde ficar e, acima de tudo, conseguir comida. O mais importante para ele, no momento, é manter sua irmã a salvo – Seita tem 12 anos e sua irmã aproximadamente 4 anos.


(Seita e Setsuko)

      Este filme é uma adaptação do livro que leva o mesmo nome (Hotaru no Haka)e a animação foi criada e dirigida pelo Studio Ghibli (o Studio Ghibli foi fundado pelo diretor do filme, Isao Takahata, e também pelo meu diretor preferido, Hayao Miyazaki, que não tem participação nesta película).

      As crianças conseguem se hospedar em uma casa, mas a dona, realmente sem motivo algum, começa a repelir os irmãos para que procurem outro lugar para morar. Mesmo morando sob um teto, é dificílimo arrumar comida nesses tempos de guerra. Imaginem, então, a situação de duas crianças sem um lugar para (sobre)viver. E é isso o que acontece – não podendo mais ficar nesta casa, Seita e Setsuko vão morar, literalmente, no meio do mato, em uma espécie de abrigo construído debaixo de uma montanha. Chega um momento em que Seita não consegue mais comprar comida para a sobrevivência de ambos; então, durante os ataques aéreos, ele arrisca sua própria vida furtando as casas vazias, enquanto os moradores se alojam nos abrigos.

      É realmente impressionante como cada personagem, mesmo através de um desenho, consegue retratar diversas emoções. Setsuko é uma garotinha feliz, angelical, que encanta todos ao seu redor; Seita, por sua vez, é um garoto valente, que faz de tudo para proteger sua pequena irmã de todos os males da guerra. Este sentimento de piedade e compaixão que os personagens repassam, infelizmente, não consegue atingir os outros personagens da trama. Muitas pessoas observam a situação pela qual os irmãos estão passando e, mesmo assim, agem com ignorância e indiferença, como se eles fossem apenas mais duas crianças predestinadas a morrer. Negam-lhes comida, abrigo e remédio. Mesmo em tempos de guerra, referidas atitudes não são justificáveis.

      Tudo isso ainda é demonstrado quando a pequena Setsuko fica doente. Além de várias doenças de pele, decorrentes do fato de morarem no meio do mato, sem possuírem qualquer meio de higiene pessoal, ela também é atacada por uma terrível desnutrição, devido à escassez de alimentos. Mesmo levando a irmã ao médico, ele se recusa de uma forma muito fria e cruel em ceder alguma medicação à garotinha. Todos desprezam os irmãos de uma forma tão cruel e sem coração, que é impossível não ficar triste durante o decorrer da história.




      A narrativa do filme é bem simples; a história segue uma ordem cronológica básica sobre a história dos irmãos, sem nenhum truque, sem nenhuma interferência, e, ainda assim, o teor trágico predomina durante toda a trama. Nesse caso, não podemos dizer que a “diferença está nos detalhes”. Aqui, a diferença está na simplicidade, o que deixa tudo mais real (principalmente os sentimentos e as emoções).

      Pra vocês entenderem a profundidade especial deste filme, ficamos com um sentimento altruísta mesmo já sabendo o que vai acontecer. É como se não nos conformássemos; esperamos que apareça uma solução para o que está acontecendo; esperamos ver um sorriso, novamente, no rosto de cada personagem. A nossa esperança, bem como a dos protagonistas, é a última que morre.

      Todas as cenas possuem detalhes especiais, principalmente aquela que dá nome ao filme. Quando vão morar no mato, Setsuko não consegue dormir devido à escuridão do local. Ela e o irmão, então, capturam vários vagalumes para iluminar a “moradia”. No dia seguinte, Setsuko enterra os animais, e lamenta por terem um período de vida tão curto – e isso nos remete ao que está acontecendo com todas as pessoas nessa época de guerra. E assim, também, podemos relacionar a vida de Setsuko com a de um vagalume – sem os cuidados necessários, o que era pra ser uma vida feliz, longa e digna, passa a ser efêmera e com um mínimo de felicidade.



      Há cenas que mostram exatamente a simplicidade das pequenas coisas – quando Setsuko está com fome e Seita não consegue comida para lhe dar, ela apenas se contenta com pequenas balas de fruta que ficam guardadas dentro de uma caixinha de metal. O valor psicológico e sentimental que esta caixinha representa na trama também possui certa profundidade. Quando nos lembramos dessa caixinha, todos os sentimentos que ocorreram enquanto assistíamos ao filme vêm à tona.

      Simples, inocente, profundo, um retrato impecável da Segunda Guerra Mundial, que mostra com exatidão, de uma forma trágica e intensa, a vida de quem tentou sobreviver em meio a tanto caos. É uma história de sobrevivência maravilhosa, sobre um amor incondicional entre os dois irmãos, protagonistas da história, bem como sobre a indiferença e repugnância dos terceiros com os quais tentaram se envolver ao pedir socorro.

      Se através de uma animação conseguiram retratar todas as coisas horríveis que aconteceram durante a guerra (e sem cunho político), apenas para demonstrar as dificuldades decorrentes desse acontecimento histórico, um sentimento horroroso me atinge só ao imaginar como tudo isso aconteceu na realidade. Ademais, o filme chega a ser tão bom que, apenas com a trilha sonora, e sem as cenas intensas de dor e tristeza, o sentimento fica à flor da pele.


      Preparem o coração, pois esse é um daqueles filmes chocantes e cheio de emoções ao decorrer de toda a história. Ninguém deve deixar de apreciar esta obra maravilhosa.


“Saito, por que os vagalumes têm de morrer tão cedo?”

      Link para download (formato AVI legendado):
      Clique aqui.

Resenha por: Rebeca Reale

11 comentários:

  1. Resenha tão bem escrita que dá vontade de assistir o filme(animação)... Aliás, Rebeca, só faltou informação sobre onde encontrar: vídeo locadoras ou internet? Parabéns! Vou aguardar novas indicações do blog para assistir nas minhas férias... Beijo

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  2. assisti ontem 27~05/2013 estou até agora atordoado, triste, tocado, com a pequena criança, eu sou pai e fiquei imaginando minha pequena filha de dois anos....
    Chorei mesmo, tristeza absoluta!

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  3. O filme é muito interessante. Não dá pra negar a angústia que senti ao ver a o sofrimento dos irmãos e o final triste. É de cortar o coração. Vale a pena assistir!!

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  4. eu assisti o filme,chorei tanto,mas tanto,mas tanto eh so de lembrar da vontade de chorar,vale a pena assistir,mas se preparem,eh melhor assistir num final de semana para naum ter que trabalhar com olhos inchados no dia seguinte.

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  5. Acabei de assistir e é realmente uma linda história. Alem dos fatores citados tambem casou de eu ter uma irma com exatamente a mesma diferença de idade entre os protagonistas! Nunca havia chorado com um filme/livro na vida, mas foi diferente com esta obra de arte. Recomendo a todos que tiverem folego!

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  6. não sei o que dizer... só entrei na internet para procurar pessoas que viram o filme, para não chorar sozinho. Também tenho filhos na idade. Nunca senti tanta tristeza, e olha que tem muita cena bonita com eles rindo, brincando, assim mesmo é triste de ver. Quase parei de ver no meio de tanta tristeza.

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  7. Excelente animação. Não esperava tanto, por se tratar de uma animação antiga (1988), todavia a história transcende o desenho e torna-se extremamente realista e valiosa. Não há como não se emocionar com o filme, principalmente, nos momentos que antecedem o seu final. A história de amor incondicional entre os irmãos e o ponto forte do filme. O choro, a emoção são sentimentos que extrapolam a todos que têm empatia com os protagonistas do filme. Triste, mas com uma grande mensagem de amor. O filme, sem dúvida, retrata fielmente o que muitos japoneses passaram durante a segunda guerra mundial, motivo pelo qual, talvez, seja o ponto que toca a todos que assistem.

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  8. Filme maravilhoso, emocionante do começo ao fim, nos faz agradecer por incontáveis coisas que não damos muito valor, o esforço de seita é comovente, emfim...UMA OBRA DE ARTE!

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  9. dps q vc clica não faz dowload nenhum vtnc

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  10. dps q vc clica não faz dowload nenhum vtnc

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  11. Quando você clicou no link o post já tinha cinco anos e você ainda reclama?
    Caso veja essa mensagem, mesmo passados dois anos do seu comentário, tente o link abaixo talvez ainda funcione.
    https://drive.google.com/file/d/15AHBa-LoqDpdPg0_Ev6uTZ9V5U3f4uKV/view

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