quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Lolita

      She was Lo, plain Lo in the morning. Standing four feet ten in one sock. She was Lola in slacks. She was Dolly at school. She was Dolores on the dotted line. But in my arms she was always… Lolita. Light of my life. Fire of my loins. My sin, my soul. Lo-lee-ta…

LOLITA (1997)


      Para os críticos de plantão, que continuam a insistir em certos tópicos, estou alterando o presente post para uma abordagem mais esclarecedora dos "fatos". Não são poucas as pessoas que surgem com comentários a respeito de pedofilia. Sendo assim, para que eu não passe por maluca ao sustentar meu apoio aos sentimentos de Humbert Humbert, alguns esclarecimentos se fazem necessários. Vamos lá.

      Primeiramente, em nossa legislação penal, há o artigo 213, denominado "estupro". Em seu parágrafo primeiro, está presente o que conhecemos popularmente como "pedofilia". Nos termos do referido artigo, é crime "constranger alguém (...) a ter conjunção carnal ou praticar (...) outro ato libidinoso" e, em seu parágrafo primeiro, o crime é qualificado se "a vítima é menor de 18 ou maior de 14 anos".

      O presente blog faz resenha de filmes, não de livros. Tudo bem que o filme Lolita é baseado no livro de mesmo nome, do autor Vladimir Nabokov, mas estamos aqui para falar do filme, da adaptação cinematográfica, e não do livro em si, ok? Isso significa que, por mais fiel que o filme seja à obra literária, sempre existirão algumas divergências. Então, o que tiver em comum com o livro, eu citarei; caso contrário, não.

      Então, para quem não sabe, a Lolita do nosso filme possui 14 anos. Mesmo assim, de acordo com o parágrafo primeiro do artigo acima citado, ela se enquadraria como vítima de estupro, correto? Correto.

      Quem viu o filme (e isso acontece tanto no livro quanto no filme), sabe que o sedutor na história, no caso, a sedutora, foi Dolores Haze. Foi ela quem deu os primeiros passos. Humbert, até então, era só um observador. Lolita sempre foi maléfica, pois isso era parte de sua natureza de ninfeta (uma natureza demoníaca). Ela nunca demonstrou amor por Humbert, somente indiferença. Quanto mais desprezo ela demonstrava, maior era sua satisfação.

      De acordo com o nosso Código Penal, a pessoa maior de 14 anos tem discernimento suficiente para exercer a sua liberdade sexual. Já podemos, aqui, excluir a incidência do crime “estupro de vulnerável”, pois Lolita tinha mais de 14 anos. Mas, mesmo assim, o estupro qualificado do parágrafo primeiro ainda se aplicaria a ela. Entretanto, existe entendimento jurisprudencial que relativiza o crime nesses casos, quando a suposta vítima, na verdade, não era exatamente uma vítima (ou seja, consentiu com a prática dos atos sexuais e tinha plena consciência do que fazia). Neste sentido, vide Habeas Corpus nº 73.662/1996.

      Só mais alguns questionamentos: como vocês podem dizer que Lolita não tinha consciência plena de seus atos (com seus 14 anos) se, quando ela foge de Humbert, ela vai direto para Quilty, um homem com a mesma idade (ou até mais velho) que seu padrasto e, ainda, que fazia de sua casa um prostíbulo infantil? Como vocês podem dizer que Lolita não tinha consciência plena de seus atos se, mesmo antes de ficar com Humbert, já havia tido relações com um garoto no acampamento (Charlie), por repetidas vezes?

"Por que então este horror de que não consigo me livrar? Tê-la-ei privado de sua flor? Sensíveis senhoras do júri, sequer fui o seu primeiro amante."

      Enfim, eu li e assisti Lolita diversas vezes. E digo sem medo que Dolores fez o que fez porque quis, e não porque foi obrigada.

      Por outro lado, concordo que, em certas passagens (mas isso somente após a entrega total e consentida de Lolita, e no livro isso é muito mais evidente do que no filme), Humbert a ameaçou algumas vezes para conseguir o que queria. Infelizmente, Lolita não tinha outra opção a não ser conviver com ele, e com certeza ele se aproveitou dessa situação. E, por essas vezes, com certeza ele merecia ser punido. Em resumo, eu também acho que Humbert teve culpa na história. Entenderam? Todos têm culpa, até o destino, que fez com que Dolores não tivesse mais para onde ir, a não ser permanecer com seu padrasto.

      Digo isso, pois, no livro, ele mesmo pede para ser condenado, pois o que ele mais sentia falta era a voz de Lolita junto ao coro das vozes das crianças, e não ela em seus braços. Sim, ele se arrependeu das relações que teve com ela, mas eu nunca duvidei do amor que ele sentiu. Na verdade, ambos são culpados pela estranha relação que tiveram. E, com certeza, ele pode ser considerado um louco, doente e pedófilo, talvez, por ter feito o que fez, mas repito: não há dúvidas de que Humbert sempre amou e sempre amará Dolores Haze. Era um amor doentio e obsessivo, mas, ainda assim, amor.

      Caberá a nós, "senhoras e senhores do júri", julgarmos Humbert por todos os crimes que ele supostamente cometeu. Em minha opinião, seu maior crime continua sendo "amar demais".

      Segue trecho do livro que representa a cena final do filme:

"O que eu ouvia era apenas a melodia de crianças brincando, nada mais, e tão límpido era o ar que em meio ao vapor daquelas vozes combinadas, majestosas e mínimas, remotas e magicamente próximas, reveladoras e divinamente enigmáticas - podia-se ouvir de tempos em tempos, como que desprendido, um jorro quase articulado de riso animado (...) Fiquei ouvindo aquela vibração musical da minha encosta distante, esses relances de exclamações isoladas com uma espécie de murmúrio contido a lhes servir de fundo, e então percebi que a coisa desesperadamente dolorosa não era Lolita ausente do meu lado, mas a voz dela ausente de toda aquela harmonia."

      Para concluir, quero deixar bem claro que não sou a favor desse crime horrendo. Cada um tem o direito de interpretar o romance da melhor maneira que lhe convém. Cada um tem o livre-arbítrio para enxergar a beleza até nas situações mais impossíveis e improváveis. E se você é contra tudo isso que eu escrevi, ótimo. Porque todos têm sua liberdade de expressão garantida no artigo 5º, inciso IX, da Constituição da República Brasileira. Ainda bem. Como já dizia Kant: "A verdade ou a falsidade de afirmações e teorias devem ser julgadas pelo pensamento próprio de cada um".

      Dessa forma, podemos ir à resenha do filme em si.

      Esse filme, como o anterior sobre o qual comentei (Túmulo dos Vagalumes), também começa pelo final; não exatamente a cena final, mas um final considerável no qual conseguimos ter uma noção sobre a amplitude dos sentimentos do professor Humbert. Após isso, o filme volta a ter uma ordem cronológica lógica, que nos permite descobrir, em uma linda cena, o encontro entre Dolores e o professor.


      professor Humbert precisa de um local para se hospedar e, neste contexto, surge a Senhora Haze, mãe de Dolores, oferecendo-lhe sua casa. Claramente podemos ver que, desde o início, seu interesse no professor, tanto que insiste para que ele se hospede em sua casa por um valor bem pequeno. Charlotte Haze é uma mulher bonita e bem arrumada, diferente da versão do filme de Kubrick. Portanto, poderíamos pensar que não existiriam motivos para que, talvez, algum dia, o professor não se apaixonasse por ela; mas, alguns minutos depois, o filme nos mostra o motivo de toda a paixão e desgraça das coisas que ocorreriam na vida de HumbertDolores Haze - nossa ninfeta Lolita.

      Eu, particularmente, acho essa cena muito bonita. A expressão facial e a emoção que o professor Humbert demonstra é algo muito real – parece até que o Jeremy Irons não estava interpretando (vai saber, né?). Podemos ver claramente a paixão, até mesmo amor, naqueles olhos que, brilhando, vão de encontro aos olhos de Lolita. É tão lindo que até mesmo nós, meros espectadores, conseguimos sentir a profundidade daquele sentimento.



      Em seguida, o filme revela a origem dessa paixão devastadora por Lolita, que ocorreu durante a adolescência de Humbert. Quando ele tinha 14 anos, ele teve seu primeiro amor. Porém, certos infortúnios aconteceram, fazendo com que uma ferida se abrisse em seu coração e nunca fosse fechada, curada, até o presente momento. O momento em que ele encontra Dolores, também com 14 anos.

      Espero que vocês saibam que ter 14 anos não é motivo para ser puro, ingênuo, infantil e todas as outras características típicas de uma criança. Essa não é nossa realidade atual. E até em épocas mais remotas isso não ocorria de tal maneira. Nem todas pessoas são iguais. Existem meninas que, mesmo com pouca idade, já se mostram sexualmente desenvolvidas e com interesses que vão além de assuntos infantis. E é esse o foco que podemos encaixar em nossa Lolita: ela, desde o início, percebendo que Humbert era loucamente apaixonado por ela, provoca-o com olhares, toques, enfim, todas as armas de sedução que uma mulher possui (diferente do filme do Kubrick, que, como foi feito em uma época diferente, precisou ser censurado).



      Como expliquei anteriormente, existem pessoas que afirmam veementemente que Humbert é louco, doente e pedófilo (e eu concordo parcialmente em alguns pontos), mas, quando assistimos ao filme ou lemos o livro, o foco muda aos poucos: não há como ser completamente a favor de Dolores ou de Humbert. Não podemos dizer que houve apenas culpa por parte de Lolita ou de Humbert, pois isso seria uma inverdade – a mãe de Dolores, por sempre contrariá-la e nunca lhe dar uma educação e carinho suficientes, e também o próprio Humbert, por saber ser errado se relacionar amorosamente com sua enteada, possuem suas parcelas de culpa.

"Eu te amava. Não passava de um monstro pentápode, mas te amava. Fui desprezível e brutal, e torpe, e tudo o mais, mas je t'aimais, je t'aimais! E houve momentos em que eu sabia como te sentias, e a consciência disso era um inferno, minha pequena."

      Mesmo assim, nada me faz deixar de pensar que a parcela maior de culpa é de Lolita. É claro que, devido a certos acontecimentos durante a história, ela se torna uma garota sozinha, tendo apenas ao professor para se socorrer. Mas as atitudes desprezíveis que ela toma em relação a Humbert, além de toda a indiferença demonstrada, é algo que machuca até o coração de quem antes torcia contra ele - ela o manipula e o trata como se fosse um animal indesejado. Não é à toa que muitas vezes ele se irritava com ela; antes mesmo de existir uma relação entre os dois, Dolores já era uma adolescente com pouca educação, desrespeitosa, teimosa e que agia o tempo todo com concupiscência.


      E Humbert literalmente se entrega aos braços de Lo. Ele acata a todos os seus pedidos e, quando erra em relação a qualquer coisa, corre atrás dela com tantas desculpas que você até se cansa de ouvir "I'm sorry". Ele se torna um capacho. Ele vive por ela. O ar que ele respira existe apenas devido à existência de Lo. E ao mesmo tempo em que ele a trata como uma amante, também desempenha o papel de pai. Por mais errado e estranho que fosse esse relacionamento, ele sempre prezou pelos cuidados de Lolita.

"Apesar de nossos arrufos, apesar da maldade que ela exercia, apesar de todo o esperneio e de todas as caretas que me dirigia, da vulgaridade, do perigo e da horrível desesperança de tudo, eu ainda flutuava nas profundezas do meu paraíso de eleição - um paraíso cujos céus tinham a cor das chamas do inferno -, mas ainda assim um paraíso."

      Eu gosto tanto assim desse filme exatamente pelo sentimento de esperança que percorre nossa alma - no começo, mesmo você sabendo e sentindo que essa Lolita vai destruir a vida de Humbert, você ainda acredita que o destino terá um papel fundamental na mudança dos acontecimentos, e que as coisas irão melhorar. Entretanto, as atitudes de Lolita se mostram tão ofensivas para com o homem que a ama, que você começa a mudar, aos poucos, de opinião. Pelo menos é essa a visão que eu tenho do filme (e também do livro). Para mim, Lo recebeu um amor muito maior do que realmente merecia. Ela faz tudo o que quer com o coração de Humbert, no pior sentido possível. A ferida que ele cita no começo do filme, que permaneceu aberta desde quando amou Anabelle (seu primeiro amor, aos 14 anos), com certeza se transformou em algo maior e sem cura depois que Lo entrou em sua vida.

      E, mesmo com todos os apesares, mesmo admitindo que foi tratado como um ninguém e que todos os horrores que aconteceram em sua vida dependeram da existência dessa garota, Humbert reconhece que a ama, sempre amou e sempre amará. Apesar do desprezo de Lo, apesar de ela lhe dizer que preferia viver com Quilty, Humbert ainda se humilha e insiste que ela volte para seus braços.

"'Uma última coisa', disse eu em meu inglês horrivelmente cuidadoso, ‘tem mesmo certeza total de que - bem, não amanhã, é claro, nem depois de amanhã, mas - bem - um dia, qualquer dia, você não quer vir viver comigo? Crio um Deus novo em folha, a quem agradecerei com uivos lancinantes, caso você me dê a mais microscópica esperança.'"

      Em minha percepção, Jeremy Irons permanecerá permanentemente no papel de Humbert Humbert. Sobre sua atuação, me faltam adjetivos. Mas, posso simplificar com um "sensacional". Possuo a mesma opinião em relação à atuação de Dominique Swain, como Lolita. Intensidade foi o que não faltou no resultado final.


      Ainda, mostro aqui mais razões por eu preferir a versão de 1997. Vamos, então, aos atores que interpretaram o professor Humbert: na versão do diretor Kubrick, quem desempenha este papel é James Mason e, na versão do diretor Adrian Lyne, tenho orgulho de anunciar que, como todos já sabem, o merecido papel foi para Jeremy Irons

      Jeremy Irons foi uma escolha corretíssima para esse papel... Já na versão do Kubrick, não tenho muito o que comentar. James Mason é um notório e ótimo ator, entretanto, no quesito beleza, deixa a desejar, como é possível visualizar na imagem abaixo. Acredito que todos concordam comigo neste quesito (e, se não concordam, por favor, procurem um oftalmologista).


      E, para quem tiver curiosidade sobre a aparência das duas Lolitas, a imagem abaixo também vai esclarecer essa dúvida. Particularmente, ainda prefiro a Dominique Swain (1997 - imagem à sua direita), mesmo a Sue Lyon (1962 - imagem à sua esquerda) parecendo ser mais bela. Acredito que Dominique, à época da gravação do filme, possuía as características necessárias para desempenhar a personalidade da Lolita descrita no livro de Nabokov.


      Aliás, a Dominique desempenhou um papel tão sensacional e se entregou tão profundamente à sua personagem que, em um dos ensaios para o filme, ela simplesmente chorou, sem ajuda de qualquer artifício (e, salvo engano, aquela cena não necessitava de tanta profundidade, e nem estava no roteiro que ela deveria chorar). Vocês podem conferir no vídeo abaixo:


      Para quem gostou de ver o vídeo acima, há outro que também mostra um dos ensaios da Dominique Swain para o filme: http://www.youtube.com/watch?v=QzM6K_0hjaY.

      Dou meus parabéns para Adrian Lyne por esse filme excepcional. Quem leu o livro vai entender exatamente o motivo - ele se manteve fiel o tempo todo; foi uma reprodução sincera e maravilhosa do livro Lolita, de Vladimir Nabokov.

"Mas quem poderia querer dificultar a existência daquela luminosa e adorada criatura? Já mencionei que seu braço nu apresentava o 8 das vacinações? Que eu a amava perdidamente? Que ela tinha só catorze anos?"

      Mais algumas curiosidades: esse filme teve outras oito cenas gravadas que, infelizmente, foram deletadas. Depois que li o livro, achei que pelo menos duas delas deveriam ter permanecido no filme (cenas nº 02 e nº 08), de tão fiéis e sensacionais que ficaram em relação ao livro. Enfim, Adrian Lyne fez o que acreditou ser o melhor para o filme, mas ainda podemos ter o prazer de poder visualizar essas oito cenas, que estão disponíveis no YouTube e aqui no blog, nos links abaixo:

      Cena deletada nº 01: http://www.youtube.com/watch?v=FyuhaJMIAaI
      Cena deletada nº 02: http://www.youtube.com/watch?v=tH1mEBn2tyE
      Cena deletada nº 03: http://www.youtube.com/watch?v=ZIeMEeFTVto
      Cena deletada nº 04: http://www.youtube.com/watch?v=w5A9eWgXrSI
      Cena deletada nº 05: http://www.youtube.com/watch?v=PJh00AoUFyo
      Cena deletada nº 06: http://www.youtube.com/watch?v=Raomi4SqVAQ
      Cena deletada nº 07: http://www.youtube.com/watch?v=fw4Tl5ncEcM
      Cena deletada nº 08: http://www.youtube.com/watch?v=03sySC6F8NM

      "E eu não conseguia parar de olhar para ela, e soube tão claramente como sei agora, que estou prestes a morrer, que a amava mais que tudo que já vi ou imaginei na Terra, ou esperei descobrir em qualquer outro lugar."

Resenha por: Rebeca Reale

      Link para download (formato RMVB legendado):
      Clique aqui.

8 comentários:

  1. Mesmo eu não concordando que lolita é a maior causadora de tudo, foi a melhor resenha sobre lolita que eu já li. Meu romance preferido, Nabokov fez uma declaração de amor (do começo ao fim) a nossa imaginação. Pensamos que é só um vilão e uma mocinha, mas na realidade temos duas pessoas culposas que teêm igualmente tantos cantos preenxidos com diferença de todos os personagens que já conheci: é uma menina que usa seus artificios de sedução sabendo a consequencia, porém não sabendo do amor que alimentou, um louco adulto que ver a beleza da insanidade do amor que ele possui (ele se justifica a todo momento comparado outros que tambem tiveram suas lolitas)e por fim uma mãe que ao descobrir tudo, não fica com raiva por um seu marido ser pedofilo e sim, por ter ciumes de dua filha. ps: a coisa mais linda que tem é quando ele percebe que vai amar dolores mesmo ela não sendo mais uma ninfeta. ♥

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  2. Eu chorei. Eu chorei como nunca havia chorado em toda minha vida.
    Sim, assim como você disse, é possível perceber claramente a intensidade que há nos olhos dele quando ele olha pra ela. É lindo, profundo. Acredito que foi o que mais me intrigou no filme, o fato de parecer tão real.
    Amei, amei, amei <3

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  3. 3 vezes por mês ? HAHAHAHHA meu nível de infecção foi mais grave, eu assisto 3 vezes por semana (não, não é brincadeira)

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  4. E eu digo mais, uma pessoa colocar a culpa em uma pré-adolescente, que todos sabem que não tem consciência de o quão seus atos são errados, é mais doente do que o homem que se aproveita de uma jovem que não tem dimensão de como proceder com a sua DOENÇA ! Porque sim ! A Lolita é doente, assim como o homem que a lhe manteve doente. O que me assusta disso tudo são as pessoas dizerem que isso é amor ! Amor !!!!! Meu Deus do céu, ele faz uma menina doente se prostituir por causa de 1 dólar, ele a domina, lhe priva de sua juventude e de suas experiencias como jovem, ele a usa sexualmente, a controla e lhe impede de crescer como pessoa. Isso nunca que foi amor ! E como assim não falar da pedofilia ? O cara vai lá, casa com a mãe da menina, só pra manter a filha de sua esposa por perto, pra que ele o quê ? Ir de madrugada de mansinho assediar a filha dela ? Mas lógico ele é o mocinho, o bonzinho de tudo, levado pelo seu " AMOR", QUE ESTRANHAMENTE O DEIXA EGOÍSTA, o que não faz o menor sentido já que amor é justamente o contrario. O negócio é tão óbvio que foi distorcido por vocês, que o próprio roteirista satiriza Humbert ao colocar como uma de suas falas " Lolita, você tem que ter cuidado, pois exitem pessoas mais velhas que podem se aproveitar de você "
    Gente, olha, pelo amor de Deus, tanto Ninfomania, como pedofilia são doenças, mas daí colocar a culpa em uma adolescente e tirar a responsabilidade de um homem adulto consciente de seus atos, é um pouco demais da conta ! Vão refletir um pouco antes de sair por aí admirando falsas belezas !

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  5. Bem, gostaria de começar com algumas considerações. Existe um paradigma de que, a pessoa mais velha tem a obrigação de ser madura e sensata, enquanto a mais jovem é sempre a ingênua e vítima das situações. No caso do filme fica bem claro, pelo menos pra mim, que o Humbert mesmo com sua maturidade cronológica, tinha carências e feridas que o acompanhavam desde a adolescência. Da mesma forma como Dolores tinha malícia e crueldade mesmo sendo tão jovem. A gente não escolhe o que sente, mas escolhe que atitude tomar. Esse foi talvez o erro de Humbert. Ele cedeu, permitiu, deixou suas carências e sonhos de adolescente prevalecerem e claro, Lolita soube manipular muito bem. Humbert não foi o ingênuo, ele sabia o que estava acontecendo, sabia que comprava, em um ato desesperado, a presença da jovem ao seu lado. Era um amor doentio. Por isso mesmo, consigo vê-lo como pedófilo, mas como um 'doente emocional', alguém que realmente amava demais. Lolita era tão ardilosa, que mesmo depois de anos sumida, de tudo que fez, ainda escreveu a Humbert pra pedir dinheiro, sabia que ele a socorreria. Também não acredito que se ele não tivesse aparecido na vida da jovem ela teria uma vida diferente, Humbert não destruiu nenhuma inocência. Enfim, acredito que Dolores foi a maior culpada, a que mais se aproveitou. Pois ele, fazia tudo devido a um amor exacerbado, doente, mas real, enquanto Lolita nunca nutriu sentimento verdadeiro por Humbert. As pessoas ainda hoje acreditam que um homem mais velho, numa relação como a do filme, é sempre o 'lobo mau', mas eu acredito totalmente que, mesmo na vida real, o inverso é possível. A idade cronológica, de certa forma, não nos dá garantias de nada, cada indivíduo é único em si. A juventude pode ser cruel e plenamente consciente desta crueldade. Não li o livro e nem sou expert no filme, mas é minha opinião.

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  6. Só uma correção no meu texto: "Por isso mesmo, NÃO consigo vê-lo como pedófilo." Faltou o NÃO.

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  7. Incrível. Faltam adjetivos para qualificar sua resenha. Era algo assim que procurava, algo escrito por alguém apaixonado pelo filme/livro. Parabéns. E ahh, tenho a mesma visão sobre a relação entre Lo e Humbert. :)!

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  8. Olá, só uma coisa a dizer:

    Cara,que resenha MARAVILHOSAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

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