Há muito tempo atrás, no Reino
Subterrâneo, onde não há mentiras ou dor, viveu uma princesa que sonhava
com o mundo humano. Ela sonhava com o céu azul, a brisa suave e o brilho do sol. Um
dia, burlando toda a vigilância, a princesa escapou. Uma vez do lado de fora, a luz
do sol a cegou e apagou de sua memória qualquer indício do passado. A
princesa esqueceu quem ela era e de onde havia vindo. Seu corpo sofria de frio, doença e dor, e ao passar dos anos, ela morreu. Entretanto, seu pai, o Rei, sempre soube que a alma da princesa retornaria, talvez em outro corpo, em outra época, em outro lugar. E ele esperaria por ela até seu último suspiro, até que o mundo parasse de girar...
EL LABERINTO DEL FAUNO (2006)
Dirigido por Guillermo
del Toro e vencedor de três Oscars em 2007, El
Laberinto Del Fauno mistura dois temas totalmente opostos, mas que se
fundem na tentativa de criar um mundo melhor: a guerra civil espanhola e a
magia da imaginação de uma criança.
A história se passa
no ano de 1944, quinto ano de paz após a guerra civil da Espanha, e relata a
viagem de Ofelia (Ivana Baquero), uma garota de 13 anos
que, junto à sua mãe Carmen (Ariadna Gil), que está
doente por sua nova gestação, se muda para um pequeno povoado. Nesse lugar vive
Vidal (Sergi López), um cruel capitão do exército fascista.
Ele é o novo marido de Carmen, mas ter este novo status não se
torna um empecilho para seu comportamento totalmente frio e sem carinho em
relação à Ofelia. A missão do capitão Vidal é
acabar com quaisquer vestígios da resistência republicana, composta por homens
que se escondem nas montanhas ao redor do povoado. Dentre as pessoas que servem
ao capitão, há uma empregada chamada Mercedes (Maribel
Verdú), que possui papel importante na vida de Ofelia, e o
doutor Ferreiro (Álex Ângulo), cúmplice de Mercedes no
fornecimento de alimentos e remédios aos homens da resistência.
A história de El
Laberinto Del Fauno se consagra a partir do descobrimento de um mundo
mágico por Ofelia, um labirinto onde vive um fauno (Doug Jones),
estranha criatura que descobre na garota a princesa que havia morrido,
dando-lhe missões para que sua alma pudesse retornar ao Reino Subterrâneo e se
desvencilhar de quaisquer particularidades do mundo humano, que vive
constantemente em guerra.
Já no começo da
viagem, em uma das paradas de carro que Ofelia e sua mãe são
obrigadas a realizar devido às ânsias da gravidez, a garota enxerga um animal parecido com um inseto (parecido com um louva-deus, porém bem maior), e deduz que
esse animal é uma fada. Após esse acontecimento, ambas chegam ao povoado,
e Ofelia fica apreensiva ao cumprimentar o capitão Vidal,
não tendo nenhum desejo de considerá-lo como um pai. O que ela realmente sente
em relação a ele é medo, e posteriormente podemos ver que sua mãe também
compartilha do mesmo sentimento.
Tentando recuar sua
mente do mundo real, caracterizado por inúmeras batalhas, mortes e
sofrimento, Ofelia embarca em toda a magia existente no mundo
imaginário, com determinação no cumprimento das tarefas que lhe são passadas.
Tanto é que seu êxito na primeira missão foi certamente grandioso, sem nenhuma
consequência ruim. O sapo morre, ela recupera a chave e a leva até o fauno, que
lhe informa qual é a segunda missão.
As cenas das duas
primeiras missões são incríveis e nos deixam atentos de modo a parecer impossível
piscar ou se mover, tudo isso na expectativa do que pode vir a acontecer. Nossa
vontade é que Ofelia logre êxito em todas as suas missões,
para que saia do lugar horrível onde está vivendo com sua mãe e volte para seu antigo
e encantado reino, onde só existe paz e amor.
Para a segunda prova,
o fauno fornece a Ofelia um giz mágico, cujas propriedades
podem criar novas portas para outros mundos imaginários. Basta que ela desenhe
uma porta em qualquer lugar da casa, que existirá uma entrada para o local onde
o fauno necessita que ela ingresse. Neste novo local, Ofelia precisa
recuperar um punhal, que posteriormente seria usado na terceira missão
(informação esta que foi omitida pelo fauno). Neste local, há uma criatura que
vigia uma mesa com banquetes deliciosos, e Ofelia foi proibida
de consumir qualquer alimento, pois isso acarretaria problemas em sua missão.
Apesar de falhar em certa parte da tarefa e enfrentar as consequências
decorrentes dela, Ofelia consegue resgatar o punhal.
No decorrer da
história, o fauno presenteia Ofelia
com uma mandrágora mágica, que deveria ser colocada em uma bacia com leite debaixo
da cama onde sua mãe doente se encontrava em repouso. O poder mágico da
mandrágora teria a função de curar a doença da mãe de Ofelia, além
de manter seu futuro irmão saudável.
Ofelia vem cumprindo as missões em seu mundo de
fantasias enquanto que, no mundo real, o capitão Vidal captura
um dos rebeldes e o tortura, além de começar a desconfiar dos papeis que o doutor Ferreiro
e Mercedes desempenham no “contrabando” de remédios e nos
saques (furtos) em seu depósito alimentício.
A última missão, porém, fez Ofelia sopesar o que era mais importante em sua consciência e história: a vida de um inocente ou o desejo de voltar a ser a princesa do Reino Subterrâneo.
A última missão, porém, fez Ofelia sopesar o que era mais importante em sua consciência e história: a vida de um inocente ou o desejo de voltar a ser a princesa do Reino Subterrâneo.
O fauno informa à
garota a última missão: derramar o sangue de um inocente para que o portal do mundo subterrâneo fosse novamente aberto. Ofelia se vê
defronte a uma decisão que poderia mudar todo o rumo de sua vida – enfrentar o
capitão Vidal, que a seguiu até o labirinto com o intuito de
recuperar seu filho (nesta parte do filme, a mãe de Ofelia já havia dado a luz ao bebê), ou renunciar a todos os
direitos que ela possuía como princesa ao não entregar o bebê ao fauno (Ofelia havia escolhido seu irmão como
alguém que possuía a característica de inocente), ainda que fosse
apenas para retirar-lhe algumas gotas de sangue.
A partir daqui,
chegamos ao final do filme, que, apesar de ser extremamente triste (chorei
demais, durante uns 10 minutos), possui um dos finais mais belos e maravilhosos
e de aquecer o coração de todos os finais de filmes que eu já vi.
Apesar de todas as
coisas horríveis que se passaram na vida de Ofelia, ela encontrou a
paz que tanto desejava, ainda que isso não tivesse se realizado no mundo real,
onde se encontrava seu corpo, sua existência material. As escolhas que ela
colocou em prática aqui, na Terra, tiveram consequências reais no mundo das
fantasias em que ela passou a viver.
Por fim, o filme deixa uma reflexão: será que o mundo
dos sonhos possui mais valor que o mundo real? Se aqui existe tanta opressão,
maldade e tristeza, não seria melhor, e mais viável, optarmos por um lugar onde
poderíamos ter todas as pessoas que amamos ao nosso lado, sem dor, mentiras e crueldades?
E, ainda: será que esse mundo dos sonhos, da imaginação, realmente existe, e
será que é igual para todas as pessoas? São por essas e tantas outras questões
que nos prendemos à vida. A dúvida faz com que permaneçamos até nosso último
suspiro e bater cardíaco neste mundo porque, enquanto estivermos aqui, a vida
nos mostrará a importância de seguir nossos sonhos, apesar de tão distantes e
impossíveis que possam parecer. É essa a lição que Ofelia nos
deixa – a dúvida sobre a existência do reino mágico não fez com que Ofelia desistisse
de seguir seus objetivos, e acredito que todos nós deveríamos fazer o mesmo, pois
nada é tão irreal que um dia não possa se tornar realidade. Basta acreditarmos.
Resenha por: Rebeca Reale
Link para download (formato AVI + legenda):
muito obrigado, ajudou muito em um trabalho!!!!
ResponderExcluirlegal, tinha um trabalho do filme que e de origem espanhola , me ajudou muito
ResponderExcluirNa verdade a história aconteceu mesmo, pois tem uma hora em que Ofelia é trancada no quarto por Vidal, com guardas do lado de fora, não teria como ela sair ainda mais sendo uma criança até que o fauno lhe dá o giz e ela simplismente sai. Todo o filme é pura mitologia grega, como o fauno, o homem pálido dizem ser uma paródia de Vidal na cabeça de Ofelia, mas na verdade é cronos o deus do tempo que comia seus filhos, uma criança não saberia história grega. Tem também a narração inicial que comprova os acontecimentos e indica espiritismo em toda a história como na parte que Vidal não vê o fauno, ou seja é um filme espírita mesmo, o labirinto é o umbrau e depois a menina morre e vai para uma colônia espiritual com o fauno e seus pais que esperavam por ela.
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