Antes
de começar, já digo: eu podia passar a semana falando desse filme.
ROSEMARY'S BABY (1968)
Rosemary e Guy
Woodhouse (Mia Farrow e John Cassavetes) formam um jovem casal
em busca de um lugar pra morar. Visitam apartamentos e se decidem por um em
Manhattan, o The Bramford. Desde logo
são avisados que vários casos macabros já aconteceram naquele local, incluindo
rituais satânicos. Mas, obviamente, eles não se importam, porque o que mais desejam
no momento é ter um filho.
Vale
dizer que Guy trabalha como ator, mas,
parafraseando o pessoal do Chaves, não é "aquilo que se diga 'meu deus, que ator'".
Sua carreira tem altos e baixos, e digamos que está em baixa quando ele se muda
com a esposa pro Bramford.
Assim
que se instalam no novo lar, Rosemary,
indo à lavanderia, começa uma amizade com Terry
Gionoffrio (Victoria Vetri), uma
bonita moça que mora com o casal Castevet
depois de ter sido adotada por eles. Ela usa um pingente com um cheiro
estranho, presente da Sra. Castevet –
parece desnecessário falar dele, mas ele tem uma importância considerável no
filme.
Esse
é o primeiro contato do jovem casal com os Castevet
– e quem dera ele não tivesse acontecido. Minnie
e Roman Castevet (Ruth Gordon e Sidney Blackmer) são aqueles vizinhos chatos e intrometidos que todo mundo
tem, e evita fazer contato visual pra eles não virem puxar papo. No dia
seguinte à morte da garota, Minnie
convida o jovem casal pra jantar, e os quatro ficam bem amigos.
De
repente – e é de repente mesmo – a carreira de Guy começa a dar certo, mas de um jeito meio mórbido: o ator que
ganhou um papel ao qual ele concorreu ficou cego. Rosemary já parece bem enjoada de Minnie, que invade literalmente a casa dela o tempo todo. A velha
dá a ela o mesmo pingente usado por Terry,
e insiste pra que ela use pra dar sorte e tudo mais.
Pouco
tempo depois, Rose fica grávida. Nessa
noite ela tem estranhas alucinações, que dão medo mesmo. O casal Castevet fica imensamente feliz por ela,
e lhe indicam ‘um dos melhores obstetras do país’, Dr. Abraham Sapirstein (Ralph
Bellamy). É perceptível que Rose
já não aguenta mais aqueles dois, ainda que Guy
faça questão de tê-los por perto o tempo todo.
A
gravidez de Rose é o ponto alto do
filme, e dela decorre todo o resto da história. Por isso mesmo já paro de
contar as coisas por aqui, devido ao alto risco de spoiler. Só deixo registrado que a gravidez dela é manifestamente
incomum: ela emagrece, definha, cria olheiras imensas, que parecem ainda
maiores depois que ela corta o cabelo.
Dá
pena ver o estado da Rose, viu. E dá
vontade de bater palmas pra Mia Farrow,
que nos faz sentir na pele cada uma de suas várias dores, bem como seu medo de
perder o bebê e a antipatia que vai criando pelo intrometido casal Castevet.
É
realmente irritante a forma invasiva com que Minnie e Roman se
comportam. É como se a vida de Rose e
Guy pertencesse a eles, por isso
necessitam de vigilância constante. É uma sensação quase claustrofóbica – e talvez
essa tenha sido a intenção de Roman
Polanski. Afinal, a certa altura do filme Rose se vê vítima de uma conspiração – quando ela começa a ligar os
pontos e pensar que o sucesso de Guy
é decorrente de um pacto com o demônio, e que o casal xereta também faz parte
disso.
John Cassavetes também dá um show. Afinal, de marido
perfeito e brincalhão passa a homem seco, grosso, e a tratar Rose como louca, e ficar cada vez mais
longe dela e de casa pra ficar com os vizinhos. Ah, a sensação de aperto fica
ainda mais evidente pelo fato de grande parte do filme se passar nos
apartamentos – seja de Rose, seja dos
Castevet.
Rosemary’s Baby, pra mim, é um dos melhores filmes de
terror já criados. Polanski brinca
com a mente do espectador todo o tempo, porque parece nos conectar à sua pobre
protagonista. A pergunta que fica – e só é respondida no final do filme – é: estão mesmo conspirando contra Rose ou ela
está maluca?
Pra
saber a resposta, só assistindo mesmo. E, apesar da duração considerável do
filme (2 horas e 16 minutos não são pra qualquer um), a paciência vale a pena.
Enfim, é uma obra de arte. Assistam, revejam, comentem e até a próxima =)
Curiosidades
(e esse filme tem um bocado delas):
- A esposa de Roman Polanski foi assassinada um ano
após a estreia do filme por Charles Manson (aquele assassino famoso em que
Marilyn Manson inspirou seu nome);
- John Lennon, assassinado
em 1980, morou um tempo no edifício onde o filme foi rodado, em Manhattan;
- Mia Farrow ganhou um Globo de Ouro por sua atuação em Rosemary’s
Baby;
- Ruth Gordon ganhou um Oscar como melhor atriz coadjuvante por seu
papel neste filme;
- Rosemary’s Baby teve uma
continuação em 1976, intitulada “Look what’s Happened with Rosemary’s Baby”. Eu
nunca vi, mas as críticas são péssimas (veja aqui, no Filmow). Então, rola
entre os cinéfilos que um filme que pode ser uma continuação plausível pra ele
é The Omen (“A Profecia”), também de 1976.
Resenha por: Stephanie Eschiapati
Link para download (formatos RMVB legendado e HD):