A CLOCKWORK ORANGE (1971)
Inglaterra,
futuro, caos. O cenário é de violência e terror, provocado por gangues juvenis
que saem pela noite praticando roubos, estupros e outros tipos de violência
gratuita. Uma dessas gangues é a de Alexander
DeLarge (Malcolm McDowell),
composta por mais três druguies: Pete (Michael Tam), Georgie (James Marcus) e Dim (Warren Clarke). São
quatro rapazes bonitos, até, mesmo Dim
sendo meio tapado. O hobby deles é
sair à noite, ir até a Leiteria Korova
e tomar leite-com, que, segundo Alex, aguçava os sentidos e estimulava a
“velha ultraviolência”.
O
mais engraçado é que os pais de Alex
– Dad (Philip Stone) e Mum (Sheila Raynor) – não tinham a menor ideia
do que o filho fazia à noite, achando, inclusive, que ele trabalhava. Não que
seja super incomum que os pais não saibam o que os filhos fazem, mas digo que é
engraçado porque eles chegam a tratar o filho como uma criança mesmo.
Bom,
voltando à história, Alex e seus druguies não andavam em um clima muito
bom, porque ele começou a achar que eles queriam lhe retirar a autoridade.
Depois de bater nos três e achar que estava tudo ok, foram a um bar e Georgie lhes contou o plano para aquela noite:
ir a um SPA afastado da cidade em que morava apenas uma mulher muito rica, e
roubar seus pertences.
Eles
tentaram entrar do mesmo jeito que na casa daquele casal sobre o qual falei ali
em cima, dizendo que tinham sofrido um acidente e queriam usar o telefone. Como
a mulher não acreditou, não os deixou entrar, e, ainda, ligou para a polícia. Alex, sem desistir, pediu para os druguies ficarem para o lado de fora e
conseguiu entrar na casa. Entrou em luta corporal com a mulher e a atingiu com
uma escultura. Quando foi abrir a
porta para os companheiros, foi atingido por um deles, e deixado no local para
ser preso.
E
foi, mesmo. E pior, a mulher que ele atingira na casa morrera com o golpe. Alex foi condenado a 14 anos de prisão
pelo homicídio, e foi para o Presídio
Parkmoor.
Basicamente,
o tratamento consistia em criar na pessoa uma aversão ao crime através da
exposição de cenas absurdamente violentas. Claro que o negócio ainda era
experimental e tinha cunho político, pois o partido dominante queria se
reeleger através da diminuição massiva da violência.
(Método Ludovico)
Bom,
eu particularmente adoro os filmes do Stanley
Kubrick, e nem sei por que ainda não tinha assistido este, que é, de longe,
o mais falado do diretor. Apesar de ele situar sua história em uma Inglaterra
futurista – e a questão do futuro caótico aparece em outros filmes também, como
no Dredd (1995 e 2012) – a
“politicagem” que envolve as atitudes das autoridades estatais foi a mesma
ontem, é a mesma hoje e será a mesma de amanhã.
Afinal,
a técnica Ludovico não foi criada
pela persecução da paz social ou do interesse público, e sim pelo interesse político
do partido que governava a Inglaterra, e que não queria perder a próxima
eleição sob o argumento de que perdera o controle da sociedade.
Certo,
de política é isso aí. Assistindo ao filme, como não pode deixar de ser,
prestei bastante atenção no Alex, e
não consegui odiá-lo. Sim, ele é cruel, frio, egoísta, insensível, arrogante,
egocêntrico, dissimulado etc. MAAAS, como todo mundo tem lá seus lados
positivos, ele é um rapaz bonito, educado, carinhoso (ainda que apenas com os
pais e sua cobra de estimação), portador de uma invejável desenvoltura e dotado
de um ótimo gosto musical – Ludwig van
Beethoven é seu grande ídolo.
(Assim,
deixando bem claro que não defendo o que ele faz durante o filme, ok? Só acho
que ele tem qualidades também).
E
acho, além disso, que Alex foi uma
vítima no fim da história. Quem já viu sabe, quem ainda não viu tem que ver pra
saber, mas o que aconteceu com ele não foi legal. E pode nem ter dado resultado
– afinal, o fim do filme é bastante subjetivo, e cabe a cada um de nós concluir
o que aconteceu ao Alex.
Enfim,
mudando um pouco o que sempre digo, não vou dizer que super recomendo esse
filme e talz, afinal, seria chover no molhado, né? Até a próxima.
CURIOSIDADES:
- A Clockwork Orange voltou “à moda” porque uma cópia
restaurada esteve em cartaz no CineSESC, aqui em São Paulo. Então, todo mundo
voltou a falar sobre a obra, como não podia deixar de ser. Não foi difícil
encontrar curiosidades sobre o filme, então, deixo aqui o link do Omelete, que traz 10 curiosidades do
filme:
- Ah, mas não posso deixar de ressaltar,
ainda que isso esteja aí no link, que achei um barato algumas palavras que os
atores usam durante o filme. Pesquisei e vi que se trata de uma língua
fictícia, chamada Nadsat, que
consiste em uma mistura de inglês operário, russo e gírias londrinas;
- Além disso, A Clockwork Orange, como todo mundo sabe, foi inspirado no livro de
mesmo nome escrito por Anthony Burgess
em 1962. O que eu não sabia (e não sei se muita gente sabia) era que o estupro
da moça na Home foi baseado em um fato
real: em 1944, a primeira esposa de Burgess,
Lynne, foi estuprada por quatro
rapazes;
- Pra quem gosta de música: o Sepultura (banda de que gosto muito
\m/) inspirou-se na história de Laranja
Mecânica em seu 11º álbum, “A-Lex”, de 2009. É um trocadilho com o nome de Alex e, em latim, a expressão significa
“sem lei”;
- Outro link interessante que encontrei é
do IMDB: mesmo todo em inglês, são mais de 20 perguntas respondidas sobre o
filme (contendo alguns spoilers,
então, cuidado). Achei bem legal:
- Por fim, nunca é demais pedir pra vocês
curtirem a página do blog no facebook, né? O link tá ali embaixo, e já montei lá um álbum com várias fotos
do filme, inclusive dos atores nos bastidores. Vejam lá!
Resenha por: Stephanie Eschiapati