quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Festim Diabólico

Em primeiro lugar, me sinto praticamente na obrigação de agradecer a todos que vêm acompanhando O Filme que Habito. É uma alegria imensa ver o pessoal curtindo a página no facebook, comentando as fotos, dando sugestões. Pra nós, ver filmes já era um prazer; agora, então, nem se fala! Continuem curtindo, comentando e tudo mais, porque a tendência é o blog ficar cada vez melhor. Obrigada, gente!

      Bom, hoje vou falar, pela segunda vez, sobre o mestre Alfred Hitchcock. E só posso dizer uma coisa: quanto mais filmes dele eu vejo, mais indecisa fico sobre qual é o meu preferido.

ROPE (1948)



      Brandon (John Dall) e Phillip (Farley Granger) são dois amigos universitários que se consideram superiores intelectualmente ao resto do mundo. Eles têm umas ideias estranhas sobre tudo, e, devido à sua extrema arrogância, decidem acatar um desafio: cometer o crime perfeito. E a vítima escolhida é David (Dick Hogan), um de seus colegas de escola.

 (Phillip, David e Brandon, da esquerda para a direita, respectivamente)


      Brandon e Phillip o matam (isso não é spoiler), e vão além: resolvem colocar o corpo dentro de um baú e deixá-lo no meio da sala, utilizando-o como mesa para uma festa que darão na mesma noite. Brandon é o que mais demonstra frieza e comanda os atos de Phillip que, no fundo, é só um covarde “maria vai com as outras”. Ele se deixa levar por Brandon mesmo quando não concorda com as ideias dele.


      Enfim, cai a noite e a festa começa. Eles convidam, inclusive, amigos e parentes de David, que não têm a menor ideia do que pode ter acontecido (eles esperam, inclusive, que ele apareça na festa). Entre os convidados está um dos professores de Brandon e Phillip, Rupert Cadell (vivido pelo lindo do James Stewart), conhecido por seu humor ácido e raciocínio elaborado. Na verdade, Brandon nem gosta dele; só o convida para deixar o “desafio” do crime perfeito ainda mais... interessante, digamos.

 (Começa a festa. Percebam que o baú onde colocaram David está com os candelabros e petiscos)

(Eis o professor Rupert Cadell)

      A festa vai rolando tranquila, mas, em alguns momentos, a falta de David é percebida. Nesses momentos, a graça recai nas reações de Phillip: sempre que ouve o nome do falecido, ele sua, treme, corre pra pegar outra bebida. Isso faz com que Rupert comece a perceber que tem coisa estranha acontecendo. Brandon, por sua vez, esbanja frieza e naturalidade, o que, ao contrário do que pensa, instiga ainda mais a curiosidade do professor.

 (A garota é Janet, um "affair" de David) 


      Rope foi filmado em apenas um cenário: sim, preparem-se pra passar uma hora e vinte de filme no mesmo lugar, o apartamento em que moram Brandon e Phillip. Pra quem acha que isso não faz sentido, ou que o filme vai ser muito do sem graça, já deixo claro que não é bem assim. Esse filme é de um suspense SENSACIONAL, e, ainda que eu seja meio suspeita pra falar de Hitchcock, não tô exagerando numa vírgula.

      É como se o espectador fosse um dos convidados da festa. A mobilidade da câmera faz com que você não se sinta entediado de passar o tempo todo “no mesmo lugar”. Além disso, os diálogos – e, os consequentes jogos psicológicos que provêm deles – deixam você grudado na tela pra saber o que vai acontecer.

      Eu não sabia, mas pesquisando pela interwebs vi que a história de Rope é baseada num caso real. Trata-se do caso Leopold-Loeb, em que dois amigos, Nathan Leopold e Richard Loeb, sequestraram e mataram um garoto de 14 anos simplesmente pela vontade de cometer um crime perfeito. Os rapazes eram estudantes da Universidade de Chicago, e o crime ocorreu em 1924 – ambos foram condenados à prisão perpétua.

      Ainda nas “Curiosidades”, Rope foi o primeiro filme em cores de Hithcock. E não foi o único, como se sabe. E foi o primeiro da “parceria” com James Stewart, que esteve presente em outros sucessos do diretor, como Vertigo e Rear Window. E posso dizer, e acredito que muita gente concorde: essa parceria deu MUITO certo.

      Enfim, fico boquiaberta com a genialidade do Hitchcock. Um cômodo, poucos atores, e uma trama deliciosa, que transborda suspense. Gosto muito desse filme e recomendo tanto quanto meu queridinho Psycho. Assistam, vale a pena. Até a próxima.


Resenha por: Stephanie Eschiapati

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