O filme sobre o qual falarei hoje foi um dos que mais
me tocou, juntamente com The Elephant Man. São os dois únicos filmes em que
realmente me emocionei, de ter que ver o filme com a caixinha de lenços ao
lado. E foi o primeiro filme que vi do Alejandro González Iñarritu, que, hoje,
figura entre os meus diretores favoritos. Não tenho como ser 100% imparcial nesse
filme, então, não reparem tanto nos adjetivos.
BIUTIFUL (2010)
Uxbal (interpretado pelo lindo Javier Bardem), tem uma ex-esposa bipolar, Marambra (vivida pela atriz Maricel Álvarez), e cuida, sozinho, do casal de filhos. Seu emprego, digamos, não é o mais agradável de todos: para se sustentar, ele explora o trabalho de imigrantes – africanos, como camelôs, e chineses, na construção civil – agenciando-os para terceiros que procuram mão de obra barata. Além disso, é médium e costuma ser requisitado por pessoas que perdem entes queridos para falar com eles e descobrir alguma coisa em relação à morte deles.
As coisas não caminham direito pra ele principalmente porque ele tem um coração muito bom. Ele acaba se envolvendo nos problemas dos imigrantes que agencia, o que também lhe causa problemas, em especial de ordem financeira. Mas, ainda assim, ele é um ótimo pai, e se desdobra pra conseguir dar uma vida digna aos filhos.
A história se complica após uma perseguição da polícia aos africanos que Uxbal agenciava. Para tentar ajudá-los, ele sai correndo para tentar despistar alguns policiais mas, devido a uma dor intensa, ele para, é capturado e, quando olha pra baixo, vê muito sangue em suas calças. Ele vai ao hospital pra uma consulta e descobre que tem câncer em um estado avançado e tem pouco tempo de vida.
A partir daí, diante de tantas adversidades na vida, Uxbal tenta deixar a vida dos filhos um pouco melhor, no caso de ele morrer. Assim, tenta trazer a ex-esposa Marambra de volta, e colocar a cabeça dela no lugar, já que ela tem sérios problemas psicológicos. Ele tenta reformar sua família, enquanto ainda tem que se preocupar com seu emprego e sua doença, que lhe incomoda mais e mais.
Novos episódios paranormais acontecem com ele, o que lhe tira ainda mais o sossego. Só não pensem que o filme se torna uma história mística sem pé nem cabeça, porque isso não acontece. A paranormalidade de Uxbal é tratada “normalmente”; é como se o clímax do filme não dependesse disso.
Antes de sair da história e passar para as minhas opiniões propriamente ditas, peço a atenção de vocês pra cena inicial do filme, que se passa em um campo cheio de neve, e rola um diálogo entre Uxbal e seu filho. Prestem muita atenção a essa cena, e tentem ligá-la aos minutos finais do filme. Eu mesma não entendi de primeira; tive que pensar um bocado antes de concluir o que era.
Bom, o que falar sobre Biutiful? Há muito o que ser falado, muito. O Iñarritu foi de um preciosismo na direção desse filme, de uma sensibilidade, que espanta. Por mais que estejamos falando de um homem com poderes mediúnicos, não há fantasia no roteiro. É um homem pobre, trabalhador, doente e com uma esposa maluca demais pra que se possa deixar os filhos com ela.
Além disso, um detalhe que só eu notei (mesmo porque procurei em alguns sites as opiniões sobre esse filme, e não encontrei isso): o filme não tem pessoas muito bonitas. Na verdade, elas não são nada bonitas. Até mesmo o Javier, que eu, particularmente acho muito bonito, está super acabado no filme, o que caracteriza bem a vida difícil que seu personagem leva.
Tudo no filme é visto com um olhar extremamente sensibilizado. Cada detalhe, por menor que seja, é tomado como algo importante pro roteiro. Pelo que andei lendo em algumas críticas (que respeito, sinceramente), dizem que Iñarritu exagerou no drama, ou seja, na vida amargurada do pobre Uxbal.
Por um lado, não lhes retiro a razão. A vida de Uxbal dá muito errado, e nas poucas vezes em que parece dar certo acontece alguma coisa ruim. Ok, mas pensemos: será que a vida de homens ou mulheres na mesma situação do Uxbal não é assim? Esqueçamos a mediunidade: será que é fácil e toda fairy tale a vida de pais e mães solteiros, com empregos ruins e filhos com fome?
Biutiful também tem seus lastros de crítica social, dentro de todo o drama. Não é algo com o que se possa divagar muito, mas está lá. É um filme que me marcou, e que, por incrível que pareça, me deixa emocionada só de escrever, só de ver algumas poucas imagens. São mais de duas horas de emoção, lágrimas e lenços (a não ser que vocês não tenham um fiapo sobrando do coração, hahaha). Recomendo muito. Até.
Resenha por: Stephanie Eschiapati
Recomendo que você reveja seu filme e reescreva sua resenha. Há muitos e graves equívocos.
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